A morte soluciona tudo, definitivamente, para quem parte desta para outra dimensão. A morte gera tristeza e, quase sempre, também deixa problemas para os entes queridos que ficam. Como é um tabu do ser humano – que sabe que nasce, cresce, reproduz e morre -, às vezes, a morte também é geradora da polêmica. No Brasil, a morte costuma criar heróis.
O Crime Institucionalizado e sua Corrupção Sistêmica costumam ser as grandes causas de mortes violentas – e não naturais – no Brasil da Insegurança do Direito, que gera a combinação canalha entre injustiça, impunidade e rigor seletivo conforme as conveniências dos poderosos controladores da máquina estatal.
O mundo vive um angustiante clima de intolerância e guerra. Os tempos também são de combate mundial à corrupção – depois que ficou constatado que ela é fonte alimentadora da violência estratégica. Em um planeta transmidiático, as mortes violentas ganham dimensão espetaculosa. É aí que o terrorismo faz a festa e cumpre seu papel de controle social.
Idêntica espetacularização costuma acontecer com as mortes de pessoas ligadas ao sistema de Poder. Outro dia caiu o avião com o relator da Lava Jato dentro. A operação, felizmente, não morreu. Agora, quem morreu oficialmente ontem e será cremada na tarde deste sábado é a mulher do ex-presidente Lula. Marisa Letícia é obituarizada de maneira épica na mídia tradicional, sendo transformada em heroína, com exaltação de suas virtudes.
Pêsames para a família e amigos. “Alegria” para os inimigos deles. Polêmicas inúteis e sem fim nas redes sociais. A falecida tem sua imagem duramente atacada e desconstruída pelos internautas. A petelândia fundamentalista reage, e o pau come como nunca. No fim, só resta de verdade incontestável a morte, porque não se chega a nenhuma conclusão útil para quem fica. É bruto o jogo da vida (e o da morte também).
Em tempos de Lava Jato, a morte só deixa uma certeza: só não vai (preso) quem já morreu. Os vivos (e os que se julgam muito vivos) que se cuidem… Em meio a centenas de delações, ninguém se surpreenda se algum “traidor” for premiado com a morte violenta – dele mesmo ou de algum parente próximo. A máfia ainda manda a Coroa mais cara, bonita e chamativa para o enterro, lembrando que ela segue mais viva que nunca.
Estamos muito longe de fazer a corrupção descansar em paz. Muitos brasileiros – de bem ou do mal – devem morrer até se atingir tal estágio de segurança jurídica. Não será fácil mudar a estrutura da máquina estatal, porque não é fácil mudar a cultura (corrupta) da maioria dos brasileiros. As pessoas de bem precisam se unir, planejar e trabalhar muito, com muito amor, fé o otimismo, para as coisas boas prevalecerem sobre as más.
Enquanto isso, a maioria dos políticos já sabe: Na Lava Jato só não vai quem já morreu… Nem adianta inventar uma oitava vida para o Gato Angorá… Até porque, se o Judiciário falhar, a morte do corrupto, na hora certa ou incerta, é inevitável.
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