Ao dizer não ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negando seu pedido de habeas corpus, o Supremo Tribunal Federal, por 6 votos a 5, com direito ao voto minerva da presidente da Suprema Corte, abriu caminho para a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi decretada ontem mesmo pelo juiz de primeira instância, Sérgio Moro, atendendo determinação do Tribunal Regional Federal (TRF-4). Com essa decisão, a frase “Nunca na história deste País…”, de autoria de Lula, serve agora para ilustrar seu próprio enredo. Em respeito ao cargo ocupado por ele, o magistrado, num gesto de respeito, determinou que o ex-presidente se apresente, de forma voluntária, até às 17 horas de hoje (horário de Brasília), à sede da Polícia Federal, em Curitiba. Além disso, Moro vetou o uso de algemas “em qualquer hipótese”.
Com esse cenário surpreendente, desenhado no final da tarde de ontem, o líder petista praticamente dá adeus ao sonho de voltar ao Palácio do Planalto. Por outro lado, se os petistas, em clima de velório, ainda choram o enterro de uma candidatura já condenada, o sentimento de grande parte da população brasileira é de alívio imediato. Com certeza o leitor deve se lembrar, que em julho do ano passado, em sentença inédita desde que o país se tornou presidencialista, o juiz federal Sérgio Moro, havia condenado o ex-presidente a nove anos e seis meses de prisão, por ter recebido 3,7 milhões de propinas da OAS, no tríplex do Guarujá. Esta foi a primeira sentença contra o petista por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema Petrobrás. No entendimento da força-tarefa da Lava Jato, Lula sempre foi considerado “líder máximo” do esquema sistematizado de corrupção descoberto na Petrobrás e replicado em outras estatais e negócios do governo federal. Por meio dos desvios e arrecadação de propinas, o petista teria garantido a governabilidade de sua gestão e a permanência no poder, com o financiamento ilegal das suas campanhas e de seus aliados.
Desde que foi condenado por Sérgio Moro, o ex-presidente Lula vem movendo o mundo para tentar se livrar de uma pena que acabou sendo ampliada em decisão colegiada de segundo instância proferida pelo Tribunal Regional Federal. No recente julgamento do Supremo Tribunal Federal, que durou mais de dez horas, todos os resquícios do discursos de honestidade de lula que vinha sendo propagado pelos seu defensores e por ele mesmo, acabou sendo enterrado.
Aliás, a retórica lulista dava a entender que ele era o único dono da verdade, o paladino da moral, da honestidade e dos bons costumes, como aconteceu durante um café da manhã com blogueiros, no dia 20 de dezembro de 2016, no Instituto Lula. Na ocasião, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que: “Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste País, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da igreja católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”, disse na época.
O que salta aos olhos, como já foi dito aqui, em outros editoriais publicados por este periódico, são as suas declarações de vítima, segundo ele, de um juiz algoz, perseguidor de gente honesta. Ao afirmar: “Eu, sinceramente, se, tiver uma decisão que não seja a minha inocência, sabe? Eu quero dizer para você que não vale a pena ser honesto neste país. E quero dizer que não vale a pena você ser inocente, porque ser inocente é você não dar aos acusadores o direito de prova, então, eles ficam nervosos e vão te acusar mesmo que não tenham provas”.
Embora a militância petista insista em afirmar que Lula será um preso político, na realidade o ex-presidente deve ser, a partir de hoje, mais um político preso. O que chama a atenção é o fato dele ter sido o fiel depositário da confiança de milhões de pessoas, e que pela sua própria prática acabou se tornando um símbolo de imoralidade e escândalos. Na realidade, até o dia de hoje, “nunca na história desse país” um ex-presidente da República havia sido preso por corrupção.
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