Morei por alguns anos no grande ABC em São Paulo, onde há uma grande colônia japonesa e bastante chineses, fizemos amizades com alguns chineses que com frequência nos visitavam, em uma dessas visitas coincidiu de estar também passeando em nossa casa os meus pais, quando lhes apresentei os meus pais, deu-se início um grande ritual de carinho e de admiração, eles já falando um pouco o português, ficaram horas conversando com meus pais queriam saber tudo e depois saíram e voltaram com presentes e uma grande cesta de belas maçãs importadas.
Na China e no Japão, a velhice é sinônimo de sabedoria e respeito, o fenômeno de envelhecer é natural e inerente a toda espécie dos seres vivos e tem sido preocupação da chamada civilização contemporânea. No Japão e na China os idosos são venerados tratados com respeito e afeto cultuando sua vasta experiência acumulada em seus anos de vida. É costume nestes países os mais jovens declararem com orgulho os sacrifícios realizados pelos seus pais e avós em benefício da família, como a experiência do trabalho que estes tiveram para criá-los com as dificuldades com pouca instrução para o sustento e estudo dos filhos, a presença de um idoso é sempre demonstrada com alegria e festas. É tradição cultural cuidar bem, glorificar e reverenciar seus idosos, resultado de uma educação milenar de dignidade e respeito. Os Chineses e os japoneses consultam seus anciãos antes de qualquer grande decisão, por considerarem seus conselhos sábios e experientes. Os idosos têm intensa atuação nas decisões importantes de seus grupos sociais, principalmente nos destinos políticos.
No passado o idoso era o detentor do conhecimento, nele se concentrava a sabedoria acumulada de várias gerações anteriores e ele era respeitado pela sua comunidade. Com a modernização da sociedade o idoso foi se perdendo no caminho. Ele passou a não ser mais tão valorizado, pois tornou-se desnecessária sua contribuição na construção da história viva de uma sociedade, porque o saber agora se concentra nas escolas, nas universidades, nos livros, nos museus e por último agora na Internet.
Na antiga China, o filósofo Confúcio (que viveu entre os anos 551–479 a.C) já apregoava que as famílias deveriam obedecer e respeitar o individuo mais idoso.
Na tradição japonesa é festejado de forma solene o aniversário do idoso e desde 1947 que é comemorado no Japão o Dia do Respeito ao Idoso (Keiro no hi) as festas são realizadas na terceira segunda-feira de setembro, mas só em 1966 que passou a ser feriado nacional. Trata-se de um feriado dedicado aos idosos, quando os japoneses oram pela longevidade dos mais velhos e os agradecem pelas contribuições feitas à sociedade ao longo de suas vidas.
Aqui no Brasil, perguntar a idade de uma senhora pode causar constrangimento, já para os Chineses e Japoneses eles não perguntam a idade a uma mulher jovem, mas sim às mais idosas, que respondem com muito orgulho terem 70 ou 80 anos, ao contrário do que se passa na nossa sociedade brasileira como terem-se muitos anos de vida fosse um motivo de vergonha ou ter-se algo a esconder.
Na tradição japonesa, ao completar 60 anos, é permitido ao homem o uso de blazer vermelho, pois somente com seis décadas de vida há a liberdade de usar a cor dos deuses.
No Brasil a cor vermelha é destinada para os mais jovens, à medida que os indivíduos envelhecem as cores destinadas são as mais claras, pálidas, sóbrias, tristes.
Na sociedade chinesa é comum se encontrar anciãos, com 90 e 100 anos, fazendo diariamente atividade física nos parques municipais.
Devemos trabalhar e conscientizar os brasileiros a valorizar mais os idosos fazerem trabalhos nas escolas, igrejas, desmistificar as causas de criação de mitos e falsos parâmetros a cerca da velhice no Brasil.
Investir nas crianças de um aos três anos, momento da constituição da personalidade, propiciando a aproximação das mesmas aos idosos e que pelo exemplo de cuidado, atenção e respeito de seus pais a essas pessoas, as crianças poderiam internalizar esses valores/atitudes, apoiadas pelas escolas, igrejas e grupos sociais.
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