O momento é de reflexão e bom senso, pelo que se viu a assessoria da Presidente Dilma pode induzi-la ao erro mais uma vez. A presidente Dilma vai errar de novo se ouvir os conselhos despreparados de fazer “guerrilha política”, como foi proposto em documento interno do Planalto. Alguns enganados pensam que a queda da popularidade da presidente chegou e este ponto pela mídia eletrônica, ela chegou a um nível tão baixo que está fragilizada, e a única saída é enfrentar os desafios com a verdade e reconhecer os erros. Somente ela poderá com sabedoria salvar seu governo da pior crise dos últimos tempos.
O documento reservado do Planalto, publicado nos jornais do dia 18/03/2015, mostra o quanto a presidente está mal assessorada. O texto admite, o que, de resto, não era segredo para ninguém: uso de robôs para disparar contra adversários na mídia digital. Além disso, o documento propõe explicitamente: “As ações das páginas do governo e das forças que apoiam Dilma precisam ser melhor coordenadas. A guerrilha política precisa ter munição vinda de dentro do governo, mas para ser disparada por soldados fora dele.”
Segundo alguns especialistas, mesmo que o documento não tenha autoria, mas tem impressões digitais. É isso mesmo que os assessores dizem à presidente e assim agem: financiando os “soldados que disparam” de fora do governo, como se dentro dele estivessem. Essa ideia foi duramente criticada, a presidente Dilma precisa saber que o tempo da guerrilha acabou. Na democracia, as armas são outras, dialogo com boa política é que se chega à vitória. É um equívoco enorme considerar que a situação a que se chegou de desaprovação se deve à suposta militância digital oposicionista ou a críticos do governo ou mesmo à “errática” comunicação da Presidência, como diz o texto. A queda da popularidade presidencial tem como causa fatos da vida real. A situação econômica está realmente ruim. O desconforto que a inflação alta está causando às famílias, principalmente as de mais baixa renda, é enorme. A indignação com o nível a que chegou a corrupção no Brasil está disseminada.
Antes que inventem novos artefatos de ataques contra os supostos adversários do governo, Dilma deveria pôr sua cabeça no travesseiro e pensar em toda essa situação criada pelos erros que cometeu, pelos alertas que ignorou, pelo uso do marketing nocivo que ajudou a envenenar sua relação com a sociedade.
Basta olhar os dados detidamente. Só 13% acham o governo bom ou ótimo. Portanto, inúmeros eleitores da presidente estão decepcionados e se sentem traídos. A base parlamentar tem queixas reais de não ter sido informada de propostas que o governo enviou ao Congresso. O problema é vasto e complexo demais para ser resolvido por uma visão bélica do processo político e social. Nos discursos, ao lançar o pacote anticorrupção, seguiu-se de novo a linha de que o governo está pagando um preço alto por investigar a corrupção. Deveríamos ser poupados da repetição dessa ideia que desrespeita a inteligência alheia. Ninguém duvida que corrupção existia antes de 2003, mas é inegável o fato de que ela escalou e chegou a um nível intolerável quando decidiu tomar de assalto a Petrobras, como se fosse um campo de extração partidário.
O governo propõe que seja crime o caixa dois. O PT já teve um tesoureiro, Delúbio Soares, que confessou essa prática. Mas agora, como explicou o procurador Deltan Dallagnol, há um sistema mais sofisticado: propinas eram cobradas para serem pagas como contribuição legal à campanha. As doações dentro da lei passaram a ser a forma de lavar dinheiro de origem ilícita. Portanto, a proposta do governo fecha porta arrombada, quando os criminosos já encontraram outra porta e por ela transitam.
A propósito: custo muito grande para o país são os 88 bilhões de reais de prejuízo da Petrobras com a corrupção petista, esta sim uma causadora de desemprego, como está claro para todos os brasileiros. Não se combate desemprego com impunidade, mas Dilma precisa evitar danos às empresas parceiras do PT no crime para não ser delatada por executivos presos.
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