O município de Itaguara, no Centro-Oeste do Estado, chama a atenção pelo processamento artesanal da cana-de-açúcar, sendo destaque na produção de rapaduras. Dados do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) apontam a existência atualmente, de 19 unidades de processamento da cana e um total de 40 produtores de rapaduras. Juntos, eles produzem por mês 95.556 unidades ou 2.171 caixas do produto. Cada caixa contém 44 unidades e é comercializada a R$ 66, o que gera uma renda bruta ao grupo de R$ 143, 28 mil, conforme levantamento da empresa pública mineira de extensão.
Produzido em forma de tijolos, o doce é feito a partir da moagem da cana, fervura do caldo, moldagem e secagem. Em Itaguara, a atividade faz parte da história do município, existindo relatos de engenhos que produziam rapaduras há mais de 100 anos. “Todos os produtores são pequenos proprietários, que utilizam métodos artesanais simples”, informa a extensionista de Bem-estar Social da Emater-MG, Cornélia Silveira. Segundo ela, as rapaduras são produzidas puras, batidas, e acrescidas de amendoim, mamão, coco e abóbora.
Ainda segundo a técnica, a produção de rapaduras é comercializada na Ceasa Minas e no município de Piranguinho, Sul de Minas, famoso pela fabricação de pé de moleque. Também é vendida para intermediários que revendem nos municípios de Formiga, Itaúna, São João del-Rei, Pará de Minas, Divinópolis, Carmo do Cajuru, Rio de Janeiro e em feiras livres locais e regionais. A produção de melado e açúcar mascavo é feita somente sob encomendas, segundo a extensionista Cornélia.
No ofício desde a infância
O produtor Enilson Magno Teles representa bem o perfil do produtor de rapaduras de Itaguara. Casado, pai de dois filhos, ele está na atividade há 27 anos, começou aos 13 anos de idade. Na fábrica, que tem em sociedade com José Luiz Soares Ferreira, Enilson trabalha na produção com a esposa, um filho adolescente que ensaia os primeiros passos no ofício, e dois funcionários. Situada no sítio São Miguel, a agroindústria tem uma produção mensal de 12 mil unidades que são comercializadas a R$ 1,50 cada, nos municípios de Pará de Minas, Divinópolis, Bom Despacho, Nova Serrana, Pitangui, Cláudio, Carmo da Mata, Oliveira e Carmópolis de Minas.
“Fazer rapadura é uma herança de família. Comecei a aprender com os meus pais. Hoje tenho um parceiro na empreitada. Atuo na produção e meu sócio, que é de Pará de Minas, na parte comercial”, confirma Enilson. Para sustentar a pequena indústria, Enilson também cultiva na propriedade, dois hectares e meio de cana-de-açúcar, usada como matéria-prima, além de mais seis hectares em parceria com outros agricultores. Muito receptivo às novidades técnicas, o produtor está sempre buscando se atualizar e já participou de três cursos ministrados pela Emater-MG. No primeiro deles, em 2001, aprendeu mais sobre o processamento artesanal de cana-de-açúcar. “Aprender nunca é demais”, argumenta.
A extensionista Cornélia Silveira afirma que, dos 40 produtores fabricantes de rapaduras em Itaguara, 50% fazem parte de associações de agricultores familiares, utilizam a linha de crédito Pronaf e já participaram de cursos ministrados pela Emater-MG. Segundo ela, entre os 16 cursos de capacitação oferecidos aos agricultores que atuam na atividade, a empresa abordou temas importantes para o segmento, como: saúde e segurança no trabalho; segurança alimentar e nutricional; valor nutritivo da cana de açúcar e derivados; comercialização/estudo de mercado e viabilidade econômica da atividade; aspectos ambientais, entre outros.
Para a extensionista de Bem-estar Social da Emater-MG, a produção de rapaduras fortalece a cadeia produtiva, pois incentiva o plantio da cana-de-açúcar. “O município ostenta uma área plantada de 1.500 hectares e uma produtividade de 120 toneladas por hectare da matéria-prima”, justifica. Levantamento da distribuição imobiliária de Itaguara aponta que o município possui hoje 17 comunidades rurais e 1.311 propriedades rurais que variam de dez a 500 hectares.
“Verificamos que, 90% dos produtores que formam a população rural são agricultores familiares”, aponta a técnica do escritório local da Emater-MG. Segundo ela, além da produção de rapadura, as principais atividades agropecuárias do município são: bovinocultura de leite, milho, arroz, feijão, cana-de-açúcar e mandioca.
Agencia Minas