Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília – A proporção de mulheres inativas que aceitariam uma proposta de trabalho é maior que a dos homens que, além de desistir de procurar um emprego, dizem que não aceitariam qualquer oferta. A constatação faz parte de um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) para verificar a percepção que a população tem sobre as dificuldades de acesso ao mercado de trabalho.
Enquanto 47% das mulheres inativas responderam que aceitariam uma proposta de emprego, apenas 32% dos homens fariam o mesmo. As mulheres, inclusive, também aceitariam ganhar menos. Enquanto, na média, os homens trabalhariam por, no mínimo R$ 1.007,22, as mulheres aceitariam ganhar R$ 744,17. A diferença entre os valores aumenta quando comparados homens e mulheres com idade entre 40 e 60 anos (R$ 1.332,05 contra R$ 716,90, respectivamente).
Segundo o técnico em Planejamento e Pesquisa do Ipea Brunu Marcus Amorim, as mulheres que gostariam de ingressar ou voltar ao mercado de trabalho têm que superar não apenas a falta de experiência ou de qualificação profissional, mas, principalmente, o peso dos afazeres domésticos. Enquanto os homens apontaram, no estudo, que a falta de saúde é o maior empecilho para “voltar ao batente”, as mulheres inativas não podem arranjar emprego por não ter com quem deixar os filhos e parentes idosos ou doentes.
“Há ainda um grande contingente de mulheres que gostariam de estar trabalhando, mas que não o fazem por ter outras responsabilidades que se tornam um entrave”, explicou o técnico.
Para Amorim, a conclusão é que as políticas públicas desenvolvidas para o emprego devem levar em consideração as diferenças entre os gêneros. Ainda segundo o técnico, uma forma de possibilitar que mais mulheres interessadas em buscar um trabalho remunerado possam deixar os lares seria aumentar o número de creches públicas e de cuidadores e enfermeiros para os idosos.