O economista também explicou que é importante fazer uma reserva para emergência e para realizar sonhos, como trocar de carro, comprar uma casa ou realizar uma viagem.
Para Marques é preciso haver uma mudança de comportamento dos brasileiros em relação às próprias finanças, evitando o imediatismo. “É como parar de fumar, de beber, deixar de ser sedentário, cuidar da saúde, cuidar do relacionamento familiar. Isso tudo é uma mudança de comportamento. O pior é que problemas com as finanças levam a um desgaste muito grande da saúde, psicológico e isso vai afetar a família”, disse.
Apesar de saber que é difícil conversar com a família sobre as finanças, Marques orienta romper essa barreira. “As pessoas acham que problema de dinheiro tem que empurrar com a barriga. Isso é cultural. Em outros países, isso é levado a sério, mas, aqui no Brasil, não. Talvez por conta o período da hiperinflação muito recentemente. Tem só 25 anos que controlamos a inflação”, disse. Ele citou como exemplo os japoneses que evitam o consumo e poupam mesmo com juros negativos. “No Japão, se falar para gastar eles pegam o dinheiro e poupam. Mas aí alguém pode dizer: mas eles chegaram em um ponto que atenderam as necessidades mínimas. Tudo bem, mas uma família tem condições de fazer além do que pode? Como trocar de celular toda hora, televisão, carro?”, argumentou.
Compras de Natal
Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) nas 27 capitais do Brasil mostrou que 33% dos brasileiros têm intenção de presentear no Natal, mesmo com contas em atraso. Destes, 66% estão com restrição em seus CPF.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumo exagerado e descontrolado pode fazer com que o consumidor enfrente problemas no próximo ano. “É importante lembrar que muitas famílias se encontram em aperto financeiro, além de, em alguns casos, carregar dívidas do Natal do ano passado. O recomendável é não se deixar levar pelas emoções, e planejar as despesas de acordo com o orçamento, sempre priorizando a quitação de contas. Fazer uma lista prévia do que se deseja e pesquisar preços são as atitudes mais indicadas para não extrapolar as finanças”, orienta Marcela.
Orientações na internet
Entre os sites com dicas para organizar as finanças, está o do Banco Central. Na página “cidadania financeira”, é possível escolher entre três perfis: Quero me planejar; Estou endividado; Quero aprender a poupar e investir. Após escolher o perfil, o cidadão é direcionado para conteúdos específicos.
No caso dos endividados, por exemplo, a primeira dica é listar todas as dívidas e fazer um orçamento, com corte de gastos. Além disso, a orientação é buscar renda extra, renegociar com credores e não fazer novas dívidas. “Se já estiver excessivamente endividado, não fique parado. Quanto mais tempo, pior a dívida irá ficar, devido a diversos fatores, como juros e multas. Procurando onde seus gastos podem diminuir? Lembre-se de eliminar por completo os desperdícios, reduzir os supérfluos e otimizar a despesa com os produtos necessários. Tenha calma! Para tudo há solução”, diz o site.
O BC orienta ainda que toda a família se envolva na solução do endividamento. “É importante que toda a movimentação de recursos, incluindo todos os investimentos, receitas e despesas, esteja organizada. Isso requer participação e comprometimento de cada membro da família, considerando os diferentes perfis de comportamento financeiro de seus integrantes”.