Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o emprego industrial cresceu 3,4% em 2010, comparado ao ano anterior. Um bom resultado, que reflete a recuperação da produção e da ocupação industrial da crise global iniciada em setembro de 2008.
Mas o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) faz uma leitura um pouco diferente e ressalta que o crescimento verificado pelo IBGE deu-se no primeiro semestre do ano passado. De agosto a dezembro não houve avanço na oferta de empregos pela indústria nacional, o que caracteriza estagnação do emprego.
O Iedi sustenta que o número de ocupados na indústria vem perdendo ritmo em todas as bases de comparação, desde abril de 2010. Por isso, o aumento de 3,4% “deve ser tomado com cautela”. Principalmente porque a base de comparação é muito baixa, considerando-se que o número de empregos na indústria caiu 4,9% em 2009.
De acordo com o Iedi, se a taxa de crescimento de 3,4%, em 2010, foi a mais alta já registrada pelo IBGE, a retração do emprego industrial no ano anterior também foi a maior da história, devido aos efeitos da crise. Como resultado, o nível de ocupação na indústria nacional ainda é 1,7% menor em relação a setembro de 2008.
Houve recuperação sim, nesses mais de dois anos, como reconhece o Iedi, mas ela foi parcial. Nota do instituto, divulgada depois do anúncio do IBGE, assinala que “o quadro atual não permite dizer com segurança que o mercado de trabalho ligado à indústria logrará resultados mais favoráveis neste começo de ano”. Em especial porque a crescente importação vem “deslocando e substituindo a produção doméstica”.