Todos os dias o nível dos oceanos sobe e desce, com maior ou menor intensidade, dependendo da região do planeta. Estas oscilações acontecem devido a interação das forças gravitacionais do sol e da lua sobre o nosso planeta. Gigantescas massas de água dos oceanos se elevam em até 15 metros de altura, retornando ao nível normal em poucas horas, repetindo a oscilação novamente no dia seguinte. São as nossas marés. A mais famosa no Brasil ocorre na região Norte onde na foz do rio Amazonas, o nível do mar atinge valores superiores aos do rio fazendo a água do mar retornar para o rio formando grandes ondas contínuas e liberando grandes quantidades de energia. Este evento é chamado de pororoca. Países como a França, Inglaterra, Japão e Estados Unidos já utilizam de forma diferenciada a energia das ondas. O processo consiste em formar diques de grande extensão ou não, ao longo da costa, permitindo a entrada da água do mar durante a maré cheia. Quando o mar retorna ao seu nível original (maré baixa) parte da água fica represada formando um desnível em relação ao nível do mar. Quanto maior o desnível, ou seja, a diferença de altura entre a maré alta e a maré baixa, maior será a geração de energia. A partir deste momento, a água represada é liberada lentamente, passando por turbinas e gerando energia elétrica antes de retornar para o oceano. No dia seguinte o processo se repete gerando mais energia elétrica. Não podemos, a curto prazo, imaginar que estes modelos irão substituir nossas principais fontes de energia, mas com o desenvolvimento da tecnologia poderemos explorar de forma cada vez mais intensa e racional este recurso energético natural do planeta. Outro ponto importante são as ondas. Os ventos constantes do mar para o litoral transferem parte de sua energia para a água do mar, que formam as ondas como conhecemos. Quem nunca experimentou ficar na frente de uma onda, mesmo que pequena, e esperar ela “quebrar” próxima a praia? A sua energia é muito grande a ponto de você receber uma grande pancada e ser arrastado até a areia. Aconteceu que a energia que o vento transferiu para a água foi transferida para você no choque da onda contra o seu corpo. Será que podemos captar esta energia de forma eficiente para geração de energia elétrica? É claro, mas o processo depende do desenvolvimento tecnológico. A Noruega é o país mais avançado no estudo de aproveitamento da energia das ondas, mas nada impede que nossos pesquisadores desenvolvam a tecnologia no território nacional, bastando investimento e apoio aos sistemas de desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil. Temos dezenas de milhares de quilômetros de litoral transferindo energia entre os sistemas naturais de forma contínua e que uma ínfima parte poderia ser aproveitada para geração de energia elétrica. Apesar deste universo de opções, as atenções e os recursos do governo federal para desenvolvimento do setor energético estão voltadas para a construção de novas usinas nucleares e hidrelétricas que, apesar de gerarem energia limpa, são empreendimentos de grande impacto ambiental.