Dunga e a imprensa nacional

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Quando foi campeão em 1994, o então capitão sentiu vingado da imprensa brasileira por que o criticara na Copa de 1990. Com aquela campanha, outra não poderia ser a posição, pois o contrário soaria como deboche. Mas ele e seu grupo apenas retratam um vício nacional que todo jogador e clubes têm. Quando vencem alguma competição, especialmente quando não eram favoritos, utilizam uma frase de que “foi uma resposta a aqueles que não acreditavam na gente”. Quando deveriam se lembrar daqueles que acreditaram, apenas por acreditar, vez que o time não justificaria essa crença.

Trata-se de vício mundial. A Itália de 1982 não falava com a imprensa. Seus jogadores achavam que mereciam elogios com uma campanha de empate nas três primeiras partidas da Copa. Classificou-se porque marcara dois gols, embora o saldo fosse zerado, mas Camarões apenas marcou um e sofreu um. Com uma campanha medíocre dessas, serviu para boicotarem a imprensa.

Essa má compreensão do papel da imprensa vem da necessidade que repórteres e outros profissionais de esporte têm de serem amigos de determinados jogadores, quando são famosos. A questão a analisar é se a crítica foi pautada no trabalho, bem ou mal feito, ou se em questões pessoais. Elogio de amigo não vale quanto à crítica feroz do inimigo. Ou ambos devem fazer parte do esporte ou que sejam desconsiderados na mesma proporção.

Recentemente, tornou-se corriqueira uma afirmação dos amigos ou pretensos do Dunga de que ele venceu tudo. Que me lembre ele venceu a Copa América de 2007 e a das Confederações de 2009. São títulos de importância plena quando acompanhados de outros; ou secundária, quando se perde os principais. Quanto à classificação nas Eliminatórias da Copa, a seleção brasileira tem obrigação, mesmo que não tivesse técnico. Os outros são ruins demais.

No ínterim dessas conquistas, o Brasil perdeu mais uma vez a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos, e que me lembre, o técnico não era outro; era Dunga. Os “puxa-amigos” têm que informar quem era o técnico derrotado do Brasil na melhor competição de esporte, depois da Copa do Mundo. Ou perguntar para os argentinos se eles prefeririam o “tudo” que Dunga ganhou por essa medalha. Já escreveram que amizade, como o amor, traz certa cegueira. Que se danem os ouvidos… Dos outros!

 Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bel. Direito

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