Por Devair G. Oliveira
No dia 27 de setembro comemorava-se o dia Nacional do Idoso, que agora comemora-se no dia 1º de outubro de cada ano, estabelecido pela Comissão de Educação do Senado Federal para refletir a respeito da situação, direito e dificuldades dos idosos no País. Neste mesmo dia, aniversariou Dona Francisca Rosa Baldoíno, natural de Lajinha MG, residente hoje em Luisburgo – MG. Ao completar 108 anos de idade, está entre as mais idosas do país.
Aproveitamos a oportunidade para fazer uma reflexão sobre os idosos. Na Bíblia, também podemos perceber que a atitude frente às pessoas idosas nem sempre foi tão pacífica ou tão tranquila como, às vezes, ouvimos e afirmamos.
Podemos perceber na leitura da Bíblia que as pessoas idosas não têm uma vida sem problemas, sem dificuldades. Mas a exortação quanto ao respeito, à valorização da sabedoria dos mais velhos sempre aparece. O Salmista, por exemplo, compara as pessoas que andam com Deus como árvores viçosas cheias de vigor e de frutos mesmo na velhice (Sl 92.13-15).
A Bíblia nos mostra um horizonte diferente daquele que percebemos na nossa sociedade.
“Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda quando tiverdes cabelos brancos, eu vos carregarei; já o tenho feito; levarvosei, pois, carregar-vosei e vos salvarei.” (Is 46.4)
A família, a comunidade e a sociedade precisam dignificar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua liberdade, autonomia, bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. No contexto social temos várias formas agradáveis de viver esta fase da vida, participando de grupo de idosos, fazendo-se cumprir os seus direitos, como sempre temos divulgado sobre o desrespeito ao estatuto do idoso.
Devemos facilitar sua integração e há muito que se pode fazer, desta forma, preenchendo significativamente o nosso envelhecer. Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, a população mundial está mais velha a cada ano e, em breve, poderá haver mais idosos do que crianças no planeta. No Brasil os idosos representam 10% da população e dentro de 20 anos alcançará o posto de sexto país com maior número de idosos. Os dados servem de alerta para que o governo e a sociedade se preparem para essa nova realidade não tão distante, já que os idosos são em sua maioria abandonados e discriminados pela sociedade.
Dona Francisca nunca frequentou a escola e por isso tem dificuldades em descrever suas vivências.
Pessoa de grande fé religiosa frequentou a igreja enquanto pôde andar por distâncias maiores. Agora, devido à dificuldade de se locomover, recebe a comunhão em casa. Apesar da idade, enxerga sem o auxílio de óculos e anda sozinha pela casa e arredores.
Lúcida de suas palavras conversou com a equipe do Jornal das Montanhas juntamente com seu filho Sebastião Baldoíno, 73. As informações e o histórico da cidade retratado por ela foram confirmados pelo filho, ela não se lembra de muita coisa e é muito tímida, somente quando o assunto é ligado a sua fé é que ela mais gosta de conversar, lembra bem dos padres que vinham de muito longe para celebrar missas nas fazendas da região.
A primeira vez que fizemos uma reportagem com Dona Francisca foi em 2003 e depois em 2007.
Vale ressaltar que apuramos que no ano de 1907 foi construída uma segunda capela, levantada pelo Padre João Batista de Olanda Cavalcante. Os padres que davam assistência à Lajinha, Padre Lucas Evangelista de Barros que ficou até 1939, quando foi levado para a Paróquia, e seu primeiro vigário foi o Padre Ildefonso Bel SCJ. “Eu me lembro do Padre Defonso, como ela o chamava, do Padre Lucas, do Padre Geraldo e do Padre Rivadávia” Diz dona Francisca. Nascida no dia 27 de setembro de 1901 na propriedade do senhor Augusto Miranda em Lajinha/ MG, onde morou por muitos anos, ela é filha de Antonio Renovato e Rosa Gomes, e mãe de: Isaltina, Emília, Francisca, Sebastião, José, Geronir, Antonio, Maria, Luzia, Rosa, Júlia, trabalhou muito na roça plantando milho e nas lavouras de cafés.
Em 2007 dona Francisca deu uma entrevista para nossa reportagem, relatou que o fato mais importante de sua vida foi quando na casa de seu genro conheceu pela primeira vez o rádio, comentou das festas missionárias feita pela igreja católica em Lajinha, das missas celebradas ao ar livre nas fazendas, pois não havia capelas. Disse que o que mais gostava de fazer era ir à Igreja. Sua alimentação ela diz: “Gostava muito de verduras e legumes. Não gosto de arroz nem macarrão. Hoje não tenho mais vontade de comer, tem dia que nem café eu tomo, quando almoço é feijão com farinha”. A receita de dona Francisca para ter uma vida saudável é: “Não fumar, evitar carne de porco, não fazer uso de bebidas alcoólicas e dormir bastante” ela contou ainda que houve um tempo que era muito difícil o arroz e a comida do dia-a-dia era a canjiquinha de milho e gostava muito de fazer fubá suado e cuscuz. O Jornal das Montanhas em contato com algumas entidades da região não encontrou referência a nenhuma outra pessoa com essa idade. Se alguém souber de pessoas com idade igual ou maior, por favor, entre em contato com o Jornal das Montanhas através de nosso e-mail [email protected].
Por Devair Guimarães de Oliveira
Gostaria de receber alguma reportagem atual sobre a minha avó.