Cresce diferença entre piso e benefícios maiores que o mínimo

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O reajuste do salário mínimo, de 2000 a 2012, representou um ganho 88% superior ao dos benefícios acima de um salário, conforme pesquisa elaborada pelo economista Rodrigo Augusto de Lima, do Instituto Brasileiro de Estudos Previdenciários (Ibep).

Tomando por base um salário de benefício no valor de R$ 1 mil, em 2000, Lima calculou que, hoje, 12 anos depois, esse salário seria R$ 2.429. “Houve um aumento salarial acumulado nos últimos 12 anos, sem considerar ganho ou perda em relação à inflação, de 142,99%”. Em contrapartida, quem ganhava um mínimo (R$ 136) em 2000 passou hoje a receber R$ 622, o que significa aumento de 357%. A diferença entre o ganho do piso salarial e dos benefícios maiores que um mínimo equivale a 88%, expôs o economista hoje (24), quando se comermora o Dia do Aposentado.

O que ocorre, entretanto, destacou Lima, é que um benefício de R$ 1 mil representava 7,35 salários mínimos no ano 2000 e, agora, R$ 2.429 correspondem a apenas 3,91 salários. O economista do Idep disse que a justificativa dada pelo governo é que se tem valorizado o aumento do salário mínimo. “No número [no entanto] de salários mínimos, nós estamos perdendo”.

Lima lembrou que continuam existindo serviços que são atrelados ao mínimo, ao contrário do que afirma o governo, citando o caso de serviços de contador e consultas médicas, por exemplo. “O aposentado que, no momento de pagar por qualquer tipo de serviço, [o serviço] é comparado com o mínimo, [ele, o aposentado] já está perdendo”, constatou.

O economista concorda com a avaliação da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro (Asaprev/RJ) de que, em um futuro próximo, todos os aposentados no Brasil receberão um mínimo. “Eu vejo esse cenário. Não sei precisar o tempo, mas todos estarão recebendo um salário mínimo, porque, se com esse reajuste de 6,08%, 1 milhão de aposentados já encostaram no salário mínimo, no próximo reajuste, quantos mais vão chegar a um salário? Essa conta vai se reduzindo a cada ano”.

Na avaliação de Lima, o reajuste para quem recebe acima do salário mínimo “é um veneno que está sendo aplicado em pequenas doses”. Ele acredita que se a perda aplicada for de 5% a 6% por ano, no período de dez anos, todos os aposentados do país que recebiam mais de um mínimo vão estar ganhando o piso.

Além disso, destacou o economista, os aposentados terão um prejuízo adicional em função do reajuste da tabela do Imposto de Renda (IR), “porque o reajuste da tabela do IR foi menor que o reajuste de 6,08%. É uma forma também de o governo estar tirando mais dinheiro dos aposentados, porque eles estão pagando mais Imposto de Renda”.

De acordo com o estudo feito pelo economista do Ibep, alguns aposentados terão de pagar R$ 25 a mais de IR este ano, o que significa acréscimo de 0,66%. “Considerando que ele teve um aumento de 6,08% e está perdendo 0,66%, o aumento real, incluindo o custo adicional do IR, cai para menos de 5,5%”, calculou.

Agência Brasil

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