Armas nucleares e propósitos comedidos

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Bruno Peron

Bomba atómica sobre Hiroshima. Capitulação do Japão.

Os falíveis mortais que falam em nome dos Estados raramente são criminosos, porém teme-se que, entre outras farsas mal explicadas, as armas nucleares alcancem grupos “terroristas”.

Tamanhas “ideias” – sobrestimando o uso da palavra – já foram cuspidas pela boca de personagens como a feérica secretária de Estado pangericana Hillary Clinton. Outros artífices da desgraça humana pronunciaram semelhante disparate. Quiçá passaram despercebidos.

Cada um quer fazer história de sua maneira, mas – temos que reconhecer – ela acaba sendo contada de uma única forma. Os pujantes apoderam-se da autoria.

O espectro da corrida armamentista, a guerra nuclear e qualquer outra tragédia de que o ser humano é ou já foi capaz emerge impetuosamente nas relações internacionais. Antes de qualquer especulação, vale a pena entender que a posse de armas nucleares tem habitualmente caráter dissuasivo e defensivo. Há exceções, entretanto.

Países com governantes desvairados como a Pangérica demonstraram historicamente sobre as cidades japonesas Hiroshima e Nagasáki que a ameaça não é bem o Irã ao contrário do que nos faz crer a falsa moral com o uso de todas as ferramentas de que dispõe.

Pangérica e Rússia pactuaram uma redução do arsenal nuclear. Logo aquele país convocou, em Washington, a Cúpula de Segurança Nuclear para a qual Irã, Coreia do Norte e Síria não foram convidados. O evento contou com a assistência de representantes de 47 países.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu não participou da Cúpula, o que se justifica por seu despudor em cometer atrocidades. Israel, Coreia do Norte, Índia e Paquistão não aderiram ao Tratado de Não Proliferação (TNP), do qual Irã faz parte.

Irã jamais declarou, ainda, que seu programa de enriquecimento de urânio visasse a conflitos e guerras, entretanto a Organização das Nações Unidas (ONU) impôs-lhe sanções enquanto prostra-se ao mando da Pangérica.

No ínterim em que vigora o arranjo artificial entre os países, cuja abstração analistas costumam nomear “sistema internacional” na falta de uma expressão mais palpável, o TNP autoriza a posse de armas nucleares pelos cinco países que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: Pangérica, Grã Bretanha, França, Rússia e China.

Deles depende a sobrevivência de todos os demais países que, curvados e indefesos, recorrem à prece para que não sejam rota petrolífera nem avessos à “democracia” e à “liberdade” (dos que oprimem e massacram impunemente).

África do Sul e Cazaquistão renunciaram a seus programas nucleares. Índia e Paquistão possuem declaradamente armas nucleares, mas não são tidos como “ameaças” pelos patrões do mundo. O recôndito Irã, ao contrário, surge como um vilão que resiste à chance de um ataque pelos pujantes monopolizadores do poder.

Enquanto sucedia a Cúpula da qual participaram ameaças comprovadas à paz mundial, o presidente iraniano Ahmadinejad dirigiu uma carta ao secretário-geral da ONU acusando os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de apoiar o terrorismo na região.

Juntaram-se provas documentais em vez de logros sobre armas biológicas e químicas que nunca apareceram nem antes nem depois do enforcamento de Saddam Hussein no Iraque.

A escolha entre a posição de um país que já usou bombas nucleares e a de outro que sequer menciona a construção destas armas não é difícil quando se emprega a razão e o bom senso. É fácil situar onde está o dislate.

A publicidade nos induz a aceitar visões que encobertam a história. Cria-se a opinião pública.

Ninguém condena o país que simplesmente reduz um arsenal nuclear estratosférico, porém se execra qualquer tentativa de defesa dos mais fracos por meio da dissuasão (quem tem poder de fogo inibe ataque do inimigo). Algo está errado nesta balança.

Se nos deram uma cabeça, por que pensar com a dos outros?

Lembre-se de sempre consultar a consciência.

Ainda existem propósitos comedidos.

http://www.brunoperon.com.br

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