Nosso tempo é agora.

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Mais uma vez não sei como começar e são nestes momentos que recorro à memória. Um filete de sono misturado a uma euforia comum brigam entre si pelo poder da palavra e estou a mercê de algo que nascerá aos poucos. Dentro sentimentos diversos invadem e fora a preocupação visível dilacera.

Penso nos mortos, nas guerras vãs, nas mulheres espancadas, nas crianças que ao serem geradas já estão fadadas ao extermínio, nos menores abandonados e sei que tudo está relacionado a tamanha ignorância do homem.

Penso Poesia e o coração parece estar de greve com os olhos no que vem por aí. Qual parte da cartilha perdemos para já não sabermos mais se somos nós os pobres ou se são eles, a grande potência, os falidos? A economia anda por ruas estreitas e becos escuros. Tudo está confuso e temos tanto mais para enxergarmos.

Ontem acompanhei o movimento ‘Hora do Planeta’, mas penso que poucos tiveram consciência da importância de chamar a atenção para o problema do aquecimento global. Sim, apagar as luzes por sessenta minutos é algo simbólico, mas é um meio de mostrar a todos que a verdade está a nossa frente e que se nós não cooperarmos não deixaremos nada para nossos descendentes. Isso deixou-me muito triste e encolhi minha vida nas lembranças. Voltei ao período infantil e escutei o disco de vinil a tocar As Baleias – Roberto Carlos. Eu ouvia várias vezes essa música e tinha medo dos adultos, medo do que estavam a fazer do futuro, porém eu acreditava no alerta existente nos versos:

…“Mudar seu rumo e procurar seus sentimentos

Vai te fazer um verdadeiro vencedor

Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos”…

Sempre fui daquelas pessoas que enxergam o melhor apesar da dor dos dias difíceis. Sempre acreditei em Deus e na capacidade do homem de fazer a diferença. Ninguém é totalmente distraído ou de todo mal. Talvez alguns não tenham tido a chance de despertar; o que não quer dizer que é tarde. Não temos o direito de negarmos ao próximo as maravilhas que nos foram entregues de graça.

Quero que meus filhos, netos e bisnetos possam ver a maioria das espécies que eu vi, quero que no meu quintal continuem a existir tucanos, maritacas, beija-flores, garças, seriemas e outros animais comuns. E para isso não é preciso muito. É somente necessário que a sociedade abrace a causa e faça valer a conscientização – divulgando. Que cessem os desmatamentos, que sejam feitas denúncias e que órgãos competentes assumam o seu papel nessa luta que não é sanguinária, mas o impedir de muito sangue derramado futuramente.

Não somos eternos, mas somos memória na memória dos outros.

Não quero que lembrem de nós em meio a desolação e que nos taxem de irresponsáveis e causadores do inferno ao qual será descortinado caso o homem não acorde para os acontecimentos atuais. Não quero um mundo de doenças e sem belezas para nossos iguais.

Tudo o que peço são ‘mãos dadas’ e que todos se integrem a vida no sentido de fazer valer a pena o futuro.

E que ecoe em cada íntimo a canção de Roberto e Erasmo:

…“Como é possível que você tenha coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Te pede a chance de existência no futuro”…

O mundo. O mundo preocupa-me assustadoramente. Ando saturada da violência do ser contra o próprio ser.

…“Não é possível que no fundo do seu peito seu coração não tenha lágrimas guardadas”…

Que a ação comece com pequenos gestos e ganhe o universo. Façamos o que nos cabe evitando as queimadas. Cuidar da terra e proteger a mãe de todos nós não é um absurdo, é obrigação a muito já a espera.

Não deixe que a viseira do egoísmo condene o mundo a ser apenas restos no lixão que nossas mãos e ganância tem construído.

Não peço que seja um ambientalista e sim que tenha orgulho de ser do ambiente o responsável.

Outros buscarão na memória o que eu faço agora. Que tenham boas recordações para narrarem.

Eliane Alcântara.
29/03/09.
09h e 59 min

2 COMENTÁRIOS

  1. Circulando pela net, dei com este site.
    Dinâmico, excelente layout, notícias sucintas e sintéticas, bem apropriado para os novos tempos.
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    Parabéns e vida longa
    Abraços
    Pedro Nastri
    Jornalista
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