Ovacionado, Ronaldo perde boas chances e pede desculpas à torcida

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Vestindo a camisa 9, com a qual conquistou tantas glórias, ex-atacante para no goleiro da Romênia no último jogo com a amarelinha: ‘Desculpem-me’

A Seleção Brasileira se despediu nesta terça-feira de um dos seus filhos mais ilustres, que tem como sinônimos sucesso e superação. Ronaldo Luís Nazário de Lima, o Fenômeno, fez contra a Romênia, em uma fria noite de São Paulo, no estádio do Pacaembu, os seus últimos 15 minutos com a camisa 9 do time canarinho. Não teve gol, mas houve muitos gritos e aplausos para o craque que encantou o Brasil por 18 anos. E no adeus, ele pediu desculpas, sorrindo espontaneamente, como sempre fez em toda sua carreira.

– Gente, vocês são demais. Desculpem-me, eu tive três chances e não consegui fazer um gol nos meus últimos quinze minutos, o que seria uma pequena retribuição a tudo que vocês fizeram por mim. Meu muito obrigado por tudo que vocês fizeram pela minha carreira, por me aceitarem do jeito que sou, por terem chorado quando chorei, por terem sorrido quando sorri. Só tenho a agradecer do fundo do meu coração. Muito obrigado e até breve, dessa vez fora dos campos – discursou Ronaldo, em um púlpito no centro do gramado.

No estádio do Pacaembu, acompanhando a despedida do Fenômeno, estavam mais de 30 mil torcedores, incluindo seus filhos Ronald e Alex, que entraram com ele em campo, suas filhas Maria Sophia e Maria Alice, que ficaram com a mãe, Bia Anthony, e seus pais, Sônia e Nélio. Durante o segundo tempo, o camisa 9 usou o Twitter para agradecer novamente o carinho da torcida e mais uma vez pedir desculpas pelos gols perdidos na despedida que terminou com vitória brasileira por 1 a 0.

– Obrigado a todos! Foi uma festa incrível! Me desculpem pelos gols perdidos e obrigado pelo amor, carinho e respeito que vocês me deram sempre! – escreveu.

Robinho abraça Ronaldo após um gol perdido pelo Fenômeno: carinho dos colegas

Robinho abraça Ronaldo após um gol perdido pelo Fenômeno: carinho dos colegas (Foto: Agência Reuters)

A preparação

Nem mesmo a forte chuva que atingiu São Paulo horas antes da partida estragou a festa programada para Ronaldo. Antes do duelo, aliás, o estádio respirou Fenômeno. No teste do som, a música de Marcelo D2 em sua homenagem e as narrações de alguns dos seus gols por Galvão Bueno, da Globo.

O telão do estádio do Pacaembu também não parou de reverenciar Ronaldo, mostrando vários dos seus gols pela Seleção Brasileira. E quando seu nome apareceu na escalação oficial da partida, os gritos da galera superaram até mesmo os em prol de Neymar, atual estrela do time canarinho.

Mas a festa foi mesmo completa aos 30 minutos do primeiro tempo, quando ele entrou em campo para os seus últimos minutos na Seleção. Antes, porém, a torcida já gritava: “Olêlê, olálá, Ronaldo vem aí e o bicho vai pegar”. Pouco depois, o telão mostrou o craque aquecendo e batendo bola com os filhos Ronald e Alex.

Quando a filmagem mostrou a caminhada dele do vestiário até o túnel de acesso ao campo, a galera gritou o seu nome e levantou para aplaudir. E pontualmente aos 30 minutos ele entrou no lugar de Fred, que ao sair reverenciou o craque. Com toques de primeira, o Fenômeno cadenciou o jogo.

Só não ampliou para o Brasil porque o goleiro Tatarusanu fez grande defesa aos 35 minutos, quando Ronaldo teve chance de marcar na pequena área, após passe do pupilo Neymar. Quatro minutos depois, o Fenômeno perdeu um gol incrível depois de toque de Robinho, que foi consolá-lo com um abraço e um beijo.

Era noite de festa, mas não de gol do camisa 9. Aos 42 minutos, mais uma vez ele parou nas mãos de Tatarusanu, o “nome” da despedida do craque. Ronaldo não colocou a bola na rede, mas a levou com ele depois do final do primeiro tempo, assim como apito usado pelo árbitro argentino Sergio Pezzotta.

Cumprimentado por brasileiros e romenos e um corredor humano formado pelos atletas, o Fenômeno deu uma volta olímpica pelo estádio acenando para os torcedores. Um deles, aliás, jogou uma bandeira do Brasil para o craque, que, de mãos dados com o filho Alex, não saia do foco da câmera do mais velho, Ronald.

Atrás do pentacampeão, garotos vestidos com a camisa 9 da Seleção Brasileira carregavam faixas que representavam os 15 gols dele em Copas do Mundo. E nas caixas de som a música “Deixa a vida me levar”, de Zeca Pagodinho, o hit que embalou os jogadores na Copa do Mundo de 2002, na qual Ronaldo brilhou.

Trajetória fenomenal

Ronaldo tinha apenas 17 anos quando estreou pela seleção principal. Foi logo em uma partida contra a Argentina, no Recife, em 1994. Ele entrou aos 35 minutos do segundo tempo, no lugar de Bebeto. De lá para cá foram 105 jogos, com 74 vitórias, 22 empates e apenas nove derrotas. Ao todo, ele fez 67 gols.

O Fenômeno participou de quatro Copas do Mundo. Como reserva em 1994, nos Estados Unidos, e como principal estrela nas edições de 1998, na França, 2002, na Coreia do Sul e no Japão, e 2006, na Alemanha. Embora tenha sido bicampeão do mundo, somente na Ásia foi protagonista, sendo o herói do penta.

Também com a amarelinha, Ronaldo atingiu um recorde invejado pela maioria dos atacantes do mundo: o de maior artilheiro da história das Copas do Mundo. Foram 15 gols em três edições, já que em 1994 ele não jogou. Com a camisa 9, o atacante fez quatro em 1998, oito em 2002 e três em 2006.

Apesar de a CBF ter organizado um jogo amistoso para sua despedida, Ronaldo deixou a Seleção Brasileira mesmo após a derrota para a França, nas quartas de final da Copa do Mundo da Alemanha. De lá para cá, ele não foi convocado por Dunga, não tendo a chance de disputar um último Mundial.

De qualquer maneira, a trajetória do Fenômeno pela Seleção Brasileira é digna de reverência, assim como toda sua história no futebol.

Obrigado, Ronaldo!

Fonte: G1.com

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