Dezenas de moradores e lideranças comunitárias de bairros da região leste de São Paulo cobraram transparência e informação das autoridades sobre as obras para a construção do estádio paulistano que sediará o Mundial, durante seminário promovido hoje (6) na Assembleia Legislativa paulista sobre a Copa.
Benedito Roberto Barbosa, do Movimento Popular de Monitoramento da Copa do Mundo, foi um dos que questionaram os representantes das várias instâncias de governo sobre a falta de informações. Segundo ele, nenhum morador ou comerciante da região sabe se será afetado pela construção do estádio ou pelas obras viárias já incluídas no plano de mobilidade do Mundial.
“Estamos muito preocupados”, afirmou Barbosa. “Até agora, não tivemos nenhum contato com as autoridades sobre as obras da Copa. Ninguém sabe das intervenções”.
De acordo com a secretária executiva do Comitê Paulista da Copa do Mundo, Raquel Verdenacci, cinco obras viárias estão programadas para a região leste. Juntas, elas vão custar R$ 470 milhões.
O secretário especial de Articulação para a Copa do Mundo da prefeitura paulistana, Gilmar Tadeu Ribeiro Alves, disse que outros investimentos públicos previstos para a região serão antecipados por causa da Copa. Esses investimentos, segundo ele, “vão ajudar a acelerar o desenvolvimento da região”.
O ministro dos Esportes, Orlando Silva, admitiu que as obras para a Copa devem causar a remoção de famílias que vivem nas áreas dos projetos. Silva disse, porém, que essas famílias terão direito a uma “moradia digna” no local para o qual serão transferidas.
“Algumas intervenções que serão realizadas serão feitas em áreas ocupadas, mas não haverá nenhuma arbitrariedade”, disse Silva, durante o seminário.
O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, disse que a realização dos jogos na região leste da capital beneficiará os moradores locais. Ele ressaltou, porém, que muitos serão prejudicados para que a maioria possa usufruir das melhorias na área. “A maioria vai sorrir, mas muitos vão chorar”, resumiu Andrés, que também esteve no seminário.
O Corinthians será o dono do estádio que deverá abrigar os jogos da Copa em São Paulo. O estádio estava planejado para ter capacidade de 48 mil espectadores. Por causa da Copa, seu projeto foi alterado e sua capacidade será ampliada para 65 mil torcedores. A mudança, reconheceu Andrés, vai trazer impactos em todo o entorno do estádio. Ele disse, entretanto, que minimizar esses impactos é dever do poder público. “Isso não é problema do Corinthians. É problema do estado e do município”.
Agência Brasil