Texto da cidade de Manhuaçu vence concurso cultural

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Valéria Galdino recebe prêmio das mão de Ignacio de Loyolla Brandão Foto-Kriz-Knack

A emoção contida na autobiografia de 77 linhas de Valéria Aparecida Galdino Magalhães, profissional da biblioteca do Colégio Tiradentes, da Polícia Militar de Minas Gerais, é premiada no 7º Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso.

Uma bela história embarga a voz de quem a lê numa premissa básica da leitura que prevê vivenciar tempos e espaços variados sem se deslocar e é essa a sensação que se tem ao ler o texto A Terra Voltarás um Dia, primeiro colocado na categoria Profissionais de Biblioteca e Educadores Sociais do 7º Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso, promovido pelo INSTITUTO ECOFUTURO. Escrito por Valéria Aparecida Galdino Magalhães, 50 anos, para descrever o tema “Vamos Cuidar da Vida”, o texto foi escolhido entre 4500 textos inscritos de todo o País.

Ao narrar fragmentos da sua vida, a profissional da Biblioteca do Colégio Tiradentes passeia pela relação familiar, o ciclo da vida e a integração entre homem e Natureza em trechos do tipo: (…)“Mas não havia nada mais lindo que vê-lo de joelhos diante das árvores tão frondosas, quando os raios do sol passavam pelos galhos das árvores fazendo brilhar seus cabelos. Meu pai era um anjo!”(…). Para Valéria, o cuidado com a vida também está nas escolhas e na busca por respostas: (…) “A vida que começa numa semente, num girino, num ovo de andorinha, numa nascente de água. Quem disse que para ser mulher tinha que trocar minha botina e macacão por saltos e vestidos? Tirar a graxa das unhas, trocar a serragem e folhas secas por laços de fitas nos cabelos? Eliminar meus arranhões de pernas e braços resultantes das corridas pelas matas? Ao mesmo tempo que a minha metamorfose acontecia, meu pai a cada dia parecia mais fechado em si mesmo” (…)

Além de Valéria, o Colégio Tiradentes, de Manhuaçu, também teve a aluna Lorena Miranda de Carvalho entre as 10 finalistas no Concurso na categoria Ensino Médio, com o texto A Morte do que é Vivo. Neste 7º Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso, Minas Gerais foi um dos estados que mais se destacou com cinco vencedores em diferentes posições e categorias. Além disso, Minas também foi o estado responsável pela primeira inscrição e pela última recebidas ao longo dos três meses de inscrições.

O anúncio dos textos vencedores e a entrega da premiação aconteceram ontem, dia 7 de novembro, no Circo dos Sonhos, na Pompeia, Zona Oeste de São Paulo. O evento fundamentado no tema “Vamos Cuidar da Vida” teve como mestre de cerimônias o humorista e apresentador Marcio Ballas e, ainda, contou com apresentação especial do grupo Teatro Mágico. Ao todo foram 60 finalistas, em seis categorias: Ensino Fundamental I; Ensino Fundamental II; Ensino Médio; Educação de Jovens e Adultos; Professores e Profissionais de Biblioteca e Educadores Sociais, que receberam como prêmio a viagem a São Paulo, com três dias de atividades culturais, uma coleção de livros de literatura e a publicação de seus textos no livro coletivo intitulado “Cuido, logo existo – A gramática do cuidado”, que será lançado em dezembro pelo INSTITUTO ECOFUTURO. Valéria, bem como os três primeiros colocados de cada categoria ganharam ainda um notebook.

EVOLUINDO COM A ESCRITA

A educadora Maria Betânia Ferreira, autora dos conteúdos pedagógicos do Concurso e coordenadora da avaliação desde a primeira edição revela boas surpresas. “Quem começa com a leitura dos textos da “Carta para o Brasil do século 21” – 2ª. edição do concurso, realizado no ano 2000 – e chega aos “Cuidados com a vida” tem boas surpresas. No conjunto, a leitura dos textos – falo aqui da massa, e não apenas dos selecionados – mostra uma evolução no sentido de espontaneidade, maior confiança na própria palavra, eu diria até que a gente sente que as pessoas que escrevem se sentem mais dignas, a autoestima subiu. Um país que mudou se lê nos textos de seus habitantes, sim”, destaca.

Os textos inscritos também surpreenderam a diretora de Educação e Cultura do INSTITUTO ECOFUTURO, Christine Fontelles. “Realizamos concursos de redação há mais de dez anos e um sobrevoo nas redações desta edição revelam coisas bem bacanas, como o reconhecimento das qualidades excepcionais que se encontram em gente que nos cerca e na qualidade de vida que é possível em qualquer tipo de ambiente. Tem um ânimo renovado no ar. O jeito de falar dos problemas e do país mudou. Outra coisa que se reduziu foi o discurso autocentrado e psicologizante, assim como a repetição de fórmulas: está mais cidadão, mas de um jeito natural, não discursivo”, ressalta.

Nesta edição do Concurso houve ampla adesão de programas sociais como o Projovem Adolescente, do Governo Federal, que oferece apoio para retorno e permanência de adolescentes de 15 a 17 anos ao sistema de ensino, e a Fundação de Amparo ao Preso (FUNAP), que foram responsáveis pelo envio de 30% dos textos inscritos no Concurso, abrindo possibilidades para que o compartilhamento de ideias, através do exercício da leitura e da escrita, seja instrumento real para a inclusão.

“A ideia central do Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso é compartilhar material de referência de alta qualidade editorial e sugerir caminhos de leitura, bate-papo e muita espontaneidade na escrita para que professores e alunos compartilhem entre si e com a gente suas ideais sobre os cuidados com a vida. Nos unimos aos professores na arte de promover o pensamento crítico e sensível e a conquista da habilidade de argumentar e escrever com gosto e competência a favor da vida, do mundo que queremos e merecemos. Nesta edição, ousamos uma realização 100% via internet, pautados no objetivo de contribuir com a cultura digital no País. Além disso, a participação para educador social e o profissional de biblioteca foi mais uma estratégia para democratizar o acesso ao projeto e assegurar a presença de profissionais fundamentais para a promoção das competências de leitura e escrita no País, e que também têm muito a nos contar. Estamos e seremos eternamente gratos pelo acolhimento desta ideia”, explica Christine.

Patrocinadores e Parceiros 

O Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso é realizado pelo Instituto Ecofuturo e conta o patrocínio da Suzano Papel e Celulose, apoio do Ministério da Cultura, por meio da lei de incentivo à cultura, da EKA Chemicals, White Martins, Eternit e Fundação SM. A iniciativa conta com a parceria institucional da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e Organização dos Estados Ibero Americanos e com outros parceiros como: Ministério do Desenvolvimento Social; Ministério da Educação, pelo Plano de Mobilização Social; Fundação Manoel Pedro Pimentel (Funap); Secretaria Municipal de Educação de São Paulo; Fundação Bradesco; Fundação Gol de Letra; Aliança pela Infância; Todos pela Educação; Instituto C&A; Centro de Voluntariado de São Paulo; Alfabetização Solidária; Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE); Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE) e Editora Paulus.

Sobre o INSTITUTO ECOFUTURO

Organização não-governamental que trabalha em projetos que entrelaçam educação e meio ambiente com a missão de gerar e difundir conhecimento e práticas para a construção coletiva de uma cultura de sustentabilidade. Acredita que saber ler, escrever e argumentar com competência é essencial para acessar os conhecimentos necessários para promover a sustentabilidade de todas as vidas.

Atua como influenciador de políticas públicas articulando parcerias com instituições, empresas, governo, pesquisadores, comunidade e universidades. Criado em 1999 e mantido pela Suzano Papel e Celulose, é qualificado como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e tem atuação autônoma. www.ecofuturo.org.br

 

 

 

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