Programa idealizado por participantes da segunda edição do Hackathon Dados Educacionais pode ajudar o governo a construir creches em áreas de maior necessidade. O instrumento mostra aos gestores públicos as áreas de maior carência de acordo com o nível de renda, de desemprego e de desenvolvimento humano. O chamado GeoEdu ficou em segundo lugar na competição.
Dois integrantes do grupo, Rafael Rocha e Rafael Crespo, têm uma startup, empresa de inovação tecnológica, no Rio de Janeiro, onde trabalham com educação infantil. Eles se juntaram a Marcelo Reis, de São José dos Campos (SP). “Sabemos da necessidade de creches no Brasil. Uma criança não aprende, não tem desenvolvimento adequado para continuar os estudos, se enturmar, sem a educação infantil”, explica Rocha.
Em todo o país, dados de 2011 mostram que o atendimento em creches chegava a 22,95% das crianças até 4 anos de idade. Segundo o Censo da Educação Básica, esse número correspondia a 2,3 milhões de crianças. Em 2013, a oferta aumentou em 500 mil vagas e o atendimento chegou a 2,7 milhões. Ainda assim, os problemas estão em todo o país. O atendimento terá que praticamente dobrar para atender à meta de 50% até 2020, prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Congresso Nacional.
Rocha explica ainda que além de mapear as regiões para os gestores, o programa oferece informações aos pais. Eles poderão acessar as creches que já existem e verificar a situação de cada uma. “Qualquer um vai poder entrar no site, fazer uma busca pela cidade, ver uma lista de creches e verificar se têm estrutura, se oferecem alimentação, berçário. A intenção é que a própria população use o instrumento para fazer pressão. Mostrar que quer melhores condições”.
Os integrantes apresentaram um protótipo na maratona e ainda vão se reunir e decidir pela continuidade do projeto.
A segunda edição do Hackathon ocorreu no último fim de semana. Participaram 38 pessoas, entre programadores, desenvolvedores de sistemas, estudantes, professores e outros profissionais. Os projetos inscritos foram avaliados em relação ao interesse público da iniciativa, à criatividade, à qualidade técnica e à aplicabilidade no trabalho desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inpe). Os três primeiros colocados receberão bolsas da Fundação Lemman de R$ 5 mil, R$ 3 mil e R$ 2 mil, respectivamente.
O primeiro lugar foi para a iniciativa Dados Abertos API. Trata-se de uma interface que vai facilitar o acesso aos dados do Inep. Luís Leão, um dos integrantes do grupo que criou o projeto, explica que atualmente para ter acesso aos microdados da Prova Brasil ou do Exame Nacional do Ensino Médio, por exemplo, é necessário baixar um arquivo pesado, descompactá-lo, instalar um programa e seguir um manual para conseguir visualizar os dados.
“A interface vai possibilitar o acesso online, sem precisar baixar os arquivos. Além disso, será possível atualizar os números sem precisar baixar novos arquivos”, diz Leão. O API pode ser acessado na internet.
O terceiro lugar ficou com o Cultiveduca, voltado para a formação dos professores. Com o programa, é possível verificar por município a porcentagem de professores com ensino fundamental, ensino médio e ensino superior e pós-completos. A intenção é orientar os gestores para a oferta de formação continuada. “O nosso objetivo é identificar onde estão os professores sem nenhuma formação continuada e aqueles que ainda não têm ensino superior completo. Até agora, é possível verificar por município. Pretendemos chegar ao nível de escola”, diz o integrante do grupo Breno Neves.
Agência Brasil