“É dele que parte um conjunto de ciências e estudos, que vão dar conta de uma série de ações futuras que hoje a gente entende como medicina, como farmácia e botânica. Naquela época, as coisas eram todas misturadas”, disse o diretor do Museu do Meio Ambiente, José do Nascimento Júnior. Segundo ele, existem pouquissimos exemplares deste livro no mundo e ele é tão importante que em Portugal foi formado um grupo específico de pesquisadores para estudar a obra.
Na Biblioteca Nacional do Rio Janeiro há um exemplar do mesmo livro, mas com edição diferente, que traz ilustrações em preto e branco, ao contrários da que será exposta, que tem aquarelas coloridas. O livro tem a mesma idade da cidade do Rio de Janeiro: 451 anos. Daí a abertura da mostra coincidir com o aniversário de fundação da capital fluminense.
A obra faz parte do acervo de livros raros da Biblioteca Barbosa Rodrigues, do Jardim Botânico do Rio, e reúne 900 ilustrações. O diretor do museu informou que, apesar da idade avançada, o livro está “super atual” e em bom estado de conservação. “As pessoas vão ter uma ideia do que é o livro, dos seus conteúdos e poderão ver como eram os processos farmacológicos, de destilação, ou seja, como se tirava substâncias das plantas para fazer os fármacos”, disse.
O livro original poderá ser visto pelo público em uma vitrine expositora. Além das páginas impressas, o público terá a oportunidade de conhecer a obra e suas ilustrações por meio de um vídeo exibido durante a exposição, que ficará aberta até meados de junho. Ao término da mostra, o exemplar voltará para o arquivo da biblioteca, que tem outras obras raras, entre elas os livros dos naturalistas Von Martius, Glaziou e Auguste Saint-Hilaire.
Nascimento Júnior avaliou que abrir ao público a oportunidade de ver obras raras a que, normalmente, o cidadão comum não tem acesso é positivo para que as pessoas entendam “que o que existe hoje de ciência, de construção científica, tem um histórico até chegar à ciência moderna, contemporânea”. Normalmente, livros como a tradução de Mattioli do Materia Medicasó são disponibilizadas para pesquisadores.
O público poderá visitar também no Museu do Meio Ambiente, até o dia 13 de março, a exposição intitulada Mata Atlântica, Ciência e Arte, que traz cerca de 200 obras de ícones da ilustração científica e natural, como Jean-Baptiste Debret e Margaret Mee, e artistas contemporâneos que fazem o mesmo tipo de trabalho, como Malena Barretto e Paulo Ormindo que registraram a fauna e a flora da Mata Atlântica.
Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil