Minas, nas páginas do tempo

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A história da Humanidade é escrita pelos momentos. Sem eles, ela seria um amontoado de acontecimentos cíclicos, não seria uma história. Assim também é a historia de Minas, com passagens em momentos marcantes, que a fazem intrigante e fascinante, até os dias de hoje.

No Brasil republicano, dois momentos de Minas merecem uma cuidadosa e minuciosa visita. Um quando ainda engatinhava a República e Minas deu a sua providencial colaboração ao Brasil, elevando ao mais alto posto da Nação um estadista que fundou os pilares da outrora apreciada e reverenciada tradicional política mineira. Afonso Augusto Moreira Pena, saído dos bancos humanistas do Seminário do Caraça, fazia a dobradinha administrada com o glorioso João Pinheiro da Silva no governo de nosso Estado. Era um tempo de homens, sonhos e ideais, um momento na história, um naco de glória. Dois meses após João Pinheiro assumir o governo do Estado, para o quadriênio de 1906-1910, Afonso Pena assumia a presidência da República; uma promissora coincidência.

Os dois, da mais alta formação humanística e destacada vocação moral e cívica, só não tiveram um maior destaque nacional por força da mão herege do destino, aquela que não considera ponderações. Quis a morte levá-los em um mesmo tempo, quando estavam em plena forma, em perfeito exercício dos cargos. João Pinheiro faleceu em 1908. Afonso Pena, em 1909. Perderam eles, perdeu o Brasil, Minas e todos nós.

Eram homens maiores, que descortinavam a visão do todo. Afonso Pena, um homem de idéias inovadoras e arrojadas, fundou um governo verdadeiramente revolucionário. Dos seus seis ministros, três eram jovens, sendo o mais novo com apenas 27 anos, o que ficou propalado como o ‘ministério do jardim de infância’. Isso tudo, no início do século passado.

João Pinheiro hasteou a consciência da interiorização do desenvolvimento, tanto econômico, como cultural. Criou as fazendas-modelo e as escolas agrícolas, levando Minas afora o pensamento e a consciência libertadora do homem. Por suas idéias avançadas, aproximou-se da janela que lhe oferecia um ângulo novo para as questões do seu tempo, o Positivismo, apenas para justificar suas idéias sem a comum compreensão do todo.

Pouco mais adiante, depois do nacionalismo de Arthur Bernardes, que possibilitou a consciência cívica da criação da Vale do Rio Doce, e que inspirou a Petrobras – outro presidente moldado nos bancos rígidos do Caraça – tivemos em Minas o austero governo de Milton Campos, compromissado com a lei e com a ordem.

Milton Campos, uma estrela maior, estruturou o Estado, solidificou as instituições, pavimentou a administração pública possibilitando o futuro e tranqüilo passeio de Juscelino Kubitscheck. Foi pioneiro no planejamento administrativo de governo estadual no país, com a elaboração e efetivação do Plano de Recuperação Econômica e Fomento da Produção. A partir dele, Juscelino glosou o mote de gestão com o binômio ‘energia e transporte’ e tatuou no céu da pátria a palavra desenvolvimento como política de Estado. Eram adversários políticos engrandecendo e redimensionando a administração do bem público.

Muito se poderia dizer de Minas, seus homens e sua história. Destacamos essas passagens tendo a clara certeza de que nossa história ainda está por se fazer; não está terminada. Assim, buscamos no passado referências, tentando apontar novos caminhos, buscando novos horizontes, não deixando que nossa memória se perca nas curvas da longa e duradoura caminhada.

Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor

www.petroniogoncalves.blogspot.com

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