Exposição em São Paulo vai contar a história da Rádio Nacional

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“Alô, alô Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro!” Foi com essa frase que o locutor Celso Guimarães deu início à transmissão da Rádio Nacional, em 1936. Alguns anos depois, a emissora virou referência: por ela passaram grandes intérpretes da música popular brasileira, tais como Dalva de Oliveira, Lamartine Babo, Francisco Alves, Orlando Silva e Dolores Duran. Nela surgiram também os programas de auditório de variedades e de humor. E foi por meio de suas ondas que foram transmitidas as famosas radionovelas, que enriqueceram o imaginário brasileiro.

Para homenagear toda essa história, que ajudou a construir a história do rádio no país, a Caixa Cultural Sé, localizada no centro de São Paulo, vai abrigar uma exposição que apresenta 75 fotografias do acervo da rádio do Rio de Janeiro. No passeio, o visitante também poderá ouvir programas e gravações do estúdio e do auditório da rádio.

Segundo o curador e historiador Carlos Eduardo França de Oliveira, o foco da exposição, chamada Uma Rádio Ligando o Brasil: Memória da Rádio Nacional, é a década de 1950. “É uma exposição sobre a Rádio Nacionale busca retratar um pouco da trajetória que ela percorreu desde os anos 1930 até hoje. Por uma questão de acervo, acabamos restringindo a exposição aos anos 1950 porque buscamos trabalhar com o acervo da própria Rádio Nacional, fotográfico e de fonogramas”, disse Oliveira, em entrevista à Agência Brasil.

Em 76 anos de existência, a Rádio Nacional reuniu um acervo considerável de discos, gravações, imagens e cartazes. Tudo isso ajudou a consolidar a ideia de nacionalidade brasileira, um pedido feito pelo então presidente Getulio Vargas. Foi então, no rádio, que surgiram os primeiros símbolos dessa unidade nacional: a cantora Carmem Miranda e o compositor Ary Barroso, ritmos como o samba e o choro, a música Aquarela do Brasil (de Ary Barroso) e o programa de notícias Repórter Esso.

“A Rádio Nacional foi um projeto criado no final dos anos 1930 quando o Brasil ainda não tinha uma identidade cultural, um traço cultural. Havia uma série de manifestações dispersas por todo o país, mas nada que as unificasse. No governo de Getulio Vargas, no Estado Novo, tentou-se, de diversas formas, dar uma cara para o Brasil e dizer o que o simboliza. ARádio Nacional vai muito de encontro com isso”, explicou o curador.

Segundo Oliveira, um exemplo disso é o que ocorreu com o samba. “Até os anos 1930, o samba era restrito a algumas partes do território nacional. Ele foi então trabalhado por meio da Rádio Nacional como sendo elemento nacional por excelência”, disse.

No percurso da exposição, o visitante irá se deparar com muitas fotografias que ajudam a contar a história da Rádio Nacional na década de 1950. “Ao longo da exposição [o visitante] encontrará os cantores, cantoras e músicos, os personagens dos programas de auditório e imagens das pessoas que frequentavam a Rádio Nacional. Haverá também uma área sobre o backstage [bastidores] da Rádio Nacional, ou seja, sobre as pessoas que trabalhavam na rádio, na parte técnica ou administrativa, mas que os ouvintes não conheciam. Haverá também um espaço para as radionovelas, que eram um grande sucesso dos anos 1950”, disse o curador. Segundo ele, haverá inclusive fotos que mostrarão como eram feitas as sonoplastias das radionovelas, desde os ruídos que lembravam o barulho da chuva até os passos dos cavalos.

Além das imagens, haverá uma área voltada para a audição, em que o visitante poderá escutar trechos dos programas da rádio, e outra que vai apresentar uma animação, mesclando publicidade, áudio e imagens da época e que pretende mostrar como era a Rádio Nacional.

A exposição é gratuita e terá início no dia 8 de dezembro, com término no dia 25 de fevereiro do próximo ano. O projeto é uma parceria com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Mais informações sobre a exposição podem ser acessadas em http://www.caixacultural.com.br.

Agencia Brasil

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