Zécarlos Machado pôde ser visto em dois sucessos de emissoras diferentes este ano. Ele viveu até junho o faraó Seti em “Os Dez Mandamentos” e, mesmo com a novela bíblica ainda no ar, foi convidado para a nova fase de “Além do Tempo”, que começou no último dia 21. Na trama global, dá vida a Queiróz, marido de Gema (Louise Cardoso).
O ator, mais conhecido pelas séries “Oscar Freire 279” e “Sessão de Terapia”, na TV fechada, conversou com o iG sobre essa transição entre as duas novelas e ainda analisa o que leva a trama que conta a saga de Moisés levar a melhor sobre “A Regra do Jogo”.
“Além do Tempo”
Zécarlos não assistia com afinco a primeira fase da trama das 18h da Globo. “Já tinha visto alguma coisa, mas com o teatro não conseguia acompanhar. A produção me ligou para saber se eu poderia fazer esse personagem que não existia na fase de época e a gente se acertou. O Queiróz é bem machista, tem uma lado risivelmente antipático e as atitudes dele vão acabar fortalecendo o encontro da Gema com o Raul (Val Perré), com quem ela não conseguiu ficar na outra vida”, explica.
Ele diz o que o levou a aceitar o papel. “A construção de ‘Além do Tempo’ me agrada. A novela mexe com esse carater, não só da reencarnação, mas de que a gente vai nascendo e morrendo aqui mesmo. Ela traz esse sentido de olhar para nossa vida e fazer resgates afetivos, pensar que se pode fazer diferente, transformar. Está me dando muito prazer fazer, até o nome da novela é muito bonito”.
Ele confessa que também viu pouco “Os Dez Mandamentos”, na qual o faraó Seti que interpretou morreu pelas mãos da vilã Yunet (Adriana Garambone). “Vi o suficiente. Precisa ter um horário muito definido ou gostar muito para acompanhar uma novela. Eu gosto de fazer, mas vejo de vez em quando”, assume.
O ator contracena com Louise Cardoso
Mesmo assim, acreditava que a história daria certo. “Quando vi o projeto achei maravilhoso, pensei: ‘tem possibilidade de dar certo’. Acho que todos da equipe acreditavam mas não esperavam o sucesso que foi, superou todas as expectativas. Foi um belo trabalho, muito estimulante. Quando na TV eu teria a oportunidade de fazer um faraó? Eu agradeço aos deuses egípcios e cristãos (risos)”, brinca.
“A Regra do Jogo”
O ator conta como enxerga o sucesso da trama bíblica da Record frente a “A Regra do Jogo”, novela das 21h que eventualmente tem menor audiência nos minutos em que acontece o confronto direto entre as duas.
“Talvez o público esteja encontrando dificuldade por ‘A Regra do Jogo’ ser uma ousadia na dramaturgia pela maneira como é feita, com investigações e mexendo com valores que o telespectador não está acostumado. A gente vive numa sociedade reacionária e moralista, daí essa novela tem tido alguma resistência”.
Ele observa que não é apenas o sucesso de “Os Dez Mandamentos” que emperra a trama de João Emanuel Carneiro de emplacar. “Não é que o público não quer ver a realidade, talvez estejamos em um momento de passagem. O fato de haver concorrência permite repensar a dramaturgia. Com TV a cabo, minisséries e novos produtos sendo experimentados, abrem-se mais caminhos”.
Projetos
Aos 65 anos e se dividindo também entre o teatro e o cinema – acabou mês passado de rodar o filme “Elis”, de Hugo Prata, e prepara o retorno aos palcos para janeiro com a montagem de “Gata em Teto de Zinco Quente” – Zé comemora. “Fico feliz de estar trabalhando. Gosto da liberdade de ter meus projetos e estou numa idade que faço só o que quero”.