“Eu acho que não saí da minha infância ainda”, diz Maurício de Sousa

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Aos 82 anos, cartunista comemora o sucesso dos novos projetos

O mais famoso e premiado cartunista brasileiro, Maurício de Sousa, inovou mais uma vez e viu a sua turminha virar fenômeno no Youtube. As temporadas do desenho “Mônica Toy” já somam mais de 8 bilhões de visualizações. O Brasil está em primeiro lugar em número de acessos, em seguida vêm Rússia, México, Estados Unidos e Japão. “Nós estamos caminhando para a internacionalização do nosso material”, diz. Os desenhos animados não têm fala nem texto escrito, o que facilita a conquista de seguidores de outros países. A ideia deu tão certo que Maurício criou a segunda série do gênero, “Biduzidos”, com personagens do mundo animal. 

Maurício de Sousa recebeu a equipe do programa Conversa com Roseann Kennedy na sede dos seus estúdios, em São Paulo, onde trabalham mais de trezentos desenhistas e roteiristas.  

Ele começou a fazer quadrinhos profissionalmente há quase 60 anos. Os primeiros personagens foram Bidu e seu dono, Franjinha. A revista da Mônica foi lançada em 1970 e a turma não parou de crescer. “Estamos chegando à quinta geração de leitores e acho que com isso nós alfabetizamos milhões de brasileiros com a cartilha informal que é a revista da Turma da Mônica”. Atualmente, entre quadrinhos e tiras de jornais, as criações de Maurício chegam a cerca de 50 países, com um bilhão de revistas publicadas, álbuns de figurinhas e livros. 

Um dos primeiros personagens criados por Maurício foi resgatado no livro “Jeremias – pele”, que aborda a dor do racismo na infância. Roteiristas e desenhistas negros foram contratados e imprimiram suas vivências na história. “O leitor sentiu que ali tem textos e desenhos saídos da vida real.” O livro foi lançado este ano e já é o terceiro mais vendido do país, motivo de orgulho para Maurício. O cartunista conta, em primeira mão, que Jeremias vai ser o protagonista do próximo filme a ser produzido pela sua empresa. Antes, ele vai lançar o filme “Laços”, que assume o desafio de transformar a “Turma da Mônica” em personagens de carne e osso.

Os projetos de Maurício foram crescendo de forma constante, sem nunca terem dado um grande salto, ele destaca. “Hoje temos quase 85% do mercado de publicações infantojuvenis. Isso é um recorde em qualquer lugar do mundo. E não é segredo. O pessoal pode vir aqui que eu explico como é”, afirma Maurício, que costuma receber desenhistas novatos e fazer conferências sobre o seu trabalho.   

Esta Conversa com Roseann põe em evidência a genialidade do artista, que tem como aliados a criatividade, o senso de oportunidade e uma alma de criança. “Eu acho que não saí da minha infância ainda. Eu era bem o Chico Bento. Morava em Mogi das Cruzes. Como eu tive essa infância tão gostosa não quero podá-la, deixar de tê-la junto comigo”, revela. 

 

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