Baú revirado em tributo

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Protagonizar uma novela das nove traz grande exposição. Mas Julia Lemmertz sabe que, no caso dela, viver a Helena de “Em Família” tem um peso diferente. Não pela centralidade do papel, mas pelo fato de encerrar o ciclo midiático da eterna mocinha das histórias de Manoel Carlos. Ciclo este iniciado pela mãe da atriz, Lilian Lemmertz, que encarnou a Helena de “Baila Comigo”, em 1981. “Trato esse trabalho com o mesmo respeito que tratei todos os outros. Mas esse é um detalhe que torna o momento mais especial. Foi uma fase que minha mãe adorou. Quando ela faleceu, achei todos os capítulos na casa dela”, lembra.júlia

O clima de homenagens se instaura, inclusive, na escalação do elenco. Gabriel Braga Nunes, que interpreta o personagem principal masculino, é um velho amigo de Julia em função da amizade de Lilian com a mãe dele, Regina Braga. E Natália do Vale, que vive a mãe de Helena, era também muito próxima de Lilian Lemmertz. Tanto que, ao saber dessa escolha, Julia decidiu dar uma pulseira que pertenceu à mãe de presente para a colega. “Achei que tinha de ser dela”, diz.

“Em Família” provavelmente será a última novela assinada por Manoel Carlos e ele a escolheu como protagonista. Como você encara essa situação?

Sem dúvida, estou fazendo uma personagem especial, em um trabalho muito bonito e que, não só por essa razão que você citou, é pensada de uma forma muito cuidadosa por todos. É um papel novo, instigante e em uma novela que eu fiquei com muita vontade de fazer. E isso não está condicionado ao fato de ser a última novela dele ou de ser a última Helena em uma trama central.
Você faz a última Helena e sua mãe, a atriz Lilian Lemmertz, foi a primeira, em “Baila Comigo”. O que isso representa para você?

Esse detalhe é mesmo algo lindo para mim. Torna esse momento mais especial, sem sombra de dúvidas. Mas não só porque ela fez. Principalmente porque eu lembro que foi um dos papéis que minha mãe mais gostou de fazer na televisão. Isso se não tiver sido o preferido dela. Mas não me sinto pressionada ou carregando um peso de uma responsabilidade maior por isso. Manoel Carlos não me chamou só porque sou filha da Lilian e ela fez a primeira. Ele me convidou porque confia no meu taco como atriz. Então, tenho de fazer por onde merecer essa confiança.</CS>

Quais são suas lembranças dessa época em que sua mãe fazia “Baila Comigo”?

Não sei se algumas cenas estão na minha cabeça porque assisti naquela época ou porque vi depois, na internet. Mas lembro que eu tinha uns 16 anos e via sempre a minha mãe muito empolgada com aquele momento. Estava plena, feliz, estimulada, se sentindo valorizada como atriz. E ela se sentia um pouco autora, porque Manoel Carlos é um autor que deixa você colocar um pouco da sua leitura e da sua vida naqueles personagens. Ela aproveitou isso. Eles conversavam bastante, minha mãe contava histórias da vida dela e da juventude e ele aproveitava muito daquilo no texto. Quando ela faleceu, encontrei na casa dela os capítulos da novela. Ela guardou todos.

E você, aproveita isso na sua Helena também?

A minha Helena é meio que a soma de todas as Helenas que Manoel Carlos já escreveu. E tudo que ele pensa vai muito ao encontro do que eu já imaginava para esse papel. Estou com um autor generoso, que gosta de ouvir o elenco. Ele quer saber se você está gostando, se você tem ideias, de que forma interpreta o que lê, se está com dúvidas… Enfim, ele é um autor muito próximo dos atores. Principalmente de quem está em um papel de grande destaque, como é o caso do meu.

Foi uma surpresa receber o convite para protagonizar “Em Família”?

Não. Eu e Manoel Carlos já conversávamos há bastante tempo sobre essa possibilidade de trabalharmos juntos. Eu acho que essa foi uma escolha bem pensada. Antes, nunca tinha feito nada dele porque eu estava sempre comprometida com outra produção e ficava inviável.

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