Maria Lacerda de Moura, nascida em Manhuaçu, Minas Gerais, na Fazenda Monte Alverne, a 16 de maio de 1887, desde jovem se interessou pelo pensamento social e pelas idéias feministas. Formou-se na Escola Normal de Barbacena, em 1904, começando logo a lecionar nessa mesma escola. Inicia então um trabalho junto às mulheres da região, incentivando um mutirão de construção de casas populares para a população carente da cidade. Participou da fundação da Liga Contra o Analfabetismo. Como educadora, adotou a pedagogia libertária de Francisco Ferrer Guardia.
Após se mudar para São Paulo, começou a dar aulas particulares e a colaborar na imprensa operária e anarquista brasileira e internacional. No jornal A Plebe (SP) escreveu principalmente sobre pedagogia e educação. Seus artigos foram também publicados por jornais independentes e progressistas, como O Combate, de São Paulo e O Ceará (1928), de Fortaleza, de onde se extraiu o texto Feminismo?
Caridade?, bem como em diferentes jornais operários e anarquistas de todo o Brasil.
Em Fevereiro de 1923, lançou a revista Renascença, publicação cultural destinada a divulgar o movimento anarquista e entre setores progressistas e livre-pensadores.
A importância desta militante pode ser avaliada, entre outros, pelo fato de que, em 1928, jovens estudantes e trabalhadores paulistas terem invadido o jornal pró-fascista italiano Il Piccolo, como resposta a um artigo que caluniava violentamente a pensadora libertária.
Na mesma época, Rachel de Queiroz, aos vinte anos, polemizou acaloradamente, nas páginas do jornal O Ceará, com um jornalista cearense que atacou Maria Moura e com a diocese de Fortaleza.
Ativa conferencista, tratava de temas como educação, direitos da mulher, amor livre, combate ao fascismo e antimilitarismo, tornando-se conhecida não só no Brasil, mas também no Uruguai e Argentina, onde esteve convidada por grupos anarquistas e sindicatos locais. Entre 1928 e 1937, a ativista libertária viveu numa comunidade em Guararema (SP), no período mais intenso da sua atividade intelectual, tendo descrito esse período como uma época em que esteve “livre de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de prejuízos governamentais, religiosos e sociais”.
Maria Lacerda de Moura pode ser considerada uma das pioneiras do feminismo no Brasil e uma das poucas ativistas que se envolveu diretamente com o movimento operário e sindical.
Entre os seus numerosos livros destacamse:
Em torno da educação (1918); A mulher moderna e o seu papel na sociedade atual (1923); Amai e não vos multipliqueis (1932); Han Ryner e o amor plural (1928) e Fascismo: filho dileto da Igreja e do Capital.
É certo que ele não representa todo o pensamento da anarquista brasileira.
Como todo militante, com larga atividade literária, passou por diferentes fases e sua reflexão abordou temas tão diversos como a guerra, o malthusianismo e a pedagogia libertária.
Polêmica na literatura e na militância, Maria Lacerda de Moura passou pela Maçonaria e pela Fraternidade Rosa Cruz, com quem rompeu denunciando-a como agente do nazismo. Atravessou algumas fases de maior envolvimento social e outras de isolamento, umas de otimismo e outras de declarado pessimismo. E, se no fim da vida, permanecia num certo pessimismo, isso deve-se certamente às divergências e rupturas que, no fim da década de 20, confrontavam anarquistas e comunistas ao mesmo tempo em que acontecia a ameaçadora ascensão do fascismo. No entanto, quando após a fundação do Partido Comunista dirigentes desse partido, fizeram várias tentativas para aliciá-la, a pensadora libertária recusouse a abandonar sua visão de mundo, mantendo até ao fim da vida o seu anarquismo individualista 21.
Maria Lacerda de Moura é praticamente desconhecida no Brasil, onde um certo feminismo parece querer ocultar aquela que seria uma das primeiras e mais importantes ativistas das causas das mulheres, mas que nunca reconheceu no Estado, no Direito e no acesso profissional burguês a sua causa.
Na verdade, isso acontece porque, antes de tudo, via generosamente a luta feminista como parte integrante do combate social compartilhado igualmente por homens e mulheres engajados na luta pela eliminação de toda exploração, injustiça e preconceito.
Talvez por isso mesmo, ela seja ainda um símbolo incômodo para toda a sociedade conservadora, até para o atual conservadorismo feminista, mero arrivismo social de classe média em busca do seu lugar ao sol no Estado e no capitalismo, tal como o foi para as sufragistas da classe média e das elites do seu tempo.
A militante anarquista morreu em 1945, no Rio de Janeiro.
(Extraído de: Maria Lacerda de Moura – Uma anarquista individualista brasileira na Revista Utopia # 9)
Foi muito bom conhecer um pouco da história de Maria Moura, confesso que não sabia.É um um orgulho para nossa terra . Esta matéria deveria ser mais divulgada.
Parabéns ao jornal, por tratar de fatos históricos importantes para nossa região.
foi muito bom sabe os conhecimento de maria moura porque eu realmente precizamos faze um video falando sobre o universo femenino e resolvemos fala de maria moura porque ela foi uma mulher muito guerera determinada dependita de todos
uma mulher batalhadora,lutou pelo nossos direitos