Serafim Tibúrcio da Costa, natural de Jequeri MG,chegou a Manhuaçu, logo depois da emancipação política do município (1877), sendo comerciante e comprador de café,entrou para Guarda Nacional,recebendo o posto de Coronel,onde foi comandante.
Ingressou na política a convite dos Dolabellas, para tirar o outro coronel chamado Nicolau da Costa Mattos do cargo de Presidente da Câmara,o que equivalia hoje a prefeito do município.
Foi eleito presidente da câmara, graças ao apoio das principais lideranças políticas da região no período de 1893 a 1896.
Ao final de seu mandato 1896, não quis apoiar o Padre Odorico Dolabella para o cargo, preferindo lançar sua candidatura novamente, cada distrito incluindo o da sede podia eleger apenas um vereador e o escolhido pela sede fatalmente seria o presidente da Câmara.
Era considerado bravo e amável, capacidade de convencer o povo, queria ser um líder populista. Mas para os adversários era um obscuro tropeiro vindo de
Muriaé, com ideias revolucionárias, aproveitando o fim do império. Cercado de jagunços por todos os lados. Quando da vitória de Dolabela, Tibúrcio se revoltou e denunciou fraude foi a Ouro Preto relatando os fatos ao Governador Crispim Jaques Bias Fortes, que já sabia dos acontecimentos e não deu apoio ao que queria, quando desacatou publicamente o próprio Governador, chamando-o de prepotente.Voltando à Manhuaçu, destituiu o governo do município, dando um golpe municipal, chamado por alguns autores de “República Do Manhuaçu”, associou-se a outras pessoas como o Coronel Calhau de Ipanema.
Fez um vale ou Boró lastreado no café, que circulava no município, como dinheiro. Espalhou o medo em várias famílias oposisionistas, tendo ordenado invadir a fazenda de Antônio Welerson, promotor público e pessoa de bem que só não aconteceu por causa de um comparsa de Tibúrcio que avisou a tempo Welerson,tendo ele se refugiado na fazenda de seu sogro José Bazilio Nogueira da Gama na região da Vargem Grande. A Revolta de Tibúrcio resistiu a Ouro Preto por alguns dias (17 ou 22), mais em função da força pública estar incipiente para atender a demanda necessária, este período que não ultrapassou um mês terminou quando houve notícias de uma tropa federal já estar em Carangola para resolver a questão.
Juntou seus comandados e rumou para o estado do Espírito Santo (Afonso Cláudio).
Segundo documentos recebidos da Câmara de Afonso Cláudio ES, pelo pesquisador Ary Nogueira da Gama em 1994, para aonde Tibúrcio se mudou ele adquiriu a Fazenda Barra da Lagoa, onde também existia um armazém de secos e molhados, chamado Aurora da Barra.
Sendo eleito governador municipal em 19 de junho de 1908 permanecendo no cargo até 1916.
Quando não conseguiu se reeleger, tentou tomar o poder à força, tendo atacado a cidade com suas tropas sendo rechaçado pelo Prefeito Jose Giesta.
O prefeito José Giesta enviou a seguinte mensagem à Câmara de Afonso Cláudio em 20 de janeiro de 1916 “Começo este modesto e despretensioso trabalho consignando um resumo histórico dos tristes e lamentáveis fatos,que foi palco o município e quase todo o estado por ocasião da sucessão presidencial e da renovação das administrações municipais, na exposição destes fatos,embora seja desagradável a alguém,usarei da verdade, sem rebuços ,nem atavios literários e isto servirá de subsídio para o historiador do futuro.”
Mais a frente cita que o presidente da Câmara, Serafim Tibúrcio da Costa e o vereador Eduardo Olympio dos Santos,se opuseram ao partido republicano do estado,fiscalizando as eleições,mesmo assim obtiveram grande derrota no pleito de 23 de março do corrente ano,no dia 23 de maio ,compareceram os vereadores derrotados,acompanhados por mais de setenta capangas e simularam tomar posse na casa do Sr Paulo Pádua,do cargo a eles negado pelo eleitorado e combinaram um ataque a sede do município para tomar as repartições municipais, aliaram-se com um senhor chamado Martinho Barbosa iniciaram o ataque a 25 de junho,data gravada na história do povo guanduense, quando houve a notícia que os senhores Serafim Tibúrcio da Costa e Martinho Barbosa estavam almoçando na fazenda Pouso Alegre de Eduardo Olympio dos Santos e depois com 250 homens armados iriam reduzir a cidade “as cinzas”, saqueando as casas e entregando as famílias adversárias à mercê dos bandoleiros.
Felizmente a força pública comandada pelo capitão Ramiro Martins e tenente Philadelfo Peixoto, resistiu bravamente aos ataques, culminando com a retirada dos bandoleiros da cidade, que desertaram para fora do estado e só em meados de julho foi restabelecida a paz na cidade.
Serafim Tibúrcio da Costa faleceu em Espera Feliz, sendo enterrado em Manhuaçu em 19 de novembro de 1919, sua trajetória política em Manhuaçu, foi pesquisada por vários autores como Francisco de Paula Santos, José Fernandes Rodrigues Augusto Pereira Junior, Ary Nogueira da Gama e recentemente por Flávio Mateus dos Santos.
Ary Nogueira da Gama, Cirurgião Dentista, neto de Carlos Nogueira da Gama foi,um dos fundadores do Colégio Tiradentes e seu primeiro diretor,realizou incansável pesquisa sobre Serafim Tibúrcio tanto em Manhuaçu como em Afonso Cláudio,qualquer semelhança entre os fatos ocorridos nas duas localidades,é mera coincidência, caracterizando disputa pelo poder municipal da época.
Texto Escrito por José Olinto Xavier da Gama, historiador manhuaçuense, filho de Ary Nogueira da Gama, um dos maiores pesquisadores sobre o tema Serafim Tibúrcio da Costa.