A imprensa Manhuaçuense

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Por José Olínto Xavier da Gama*

Em 1981, a cidade tinha ruas empoeiradas ou com lama, dependendo da estação do ano. Não tinha luz, ainda não tinha Estrada de Ferro, mas já tinha o jornal “O Manhuassu”, cujo número inicial datava de 30/11/1890.  Posteriormente vieram outros como “O Independente” do Dr. César Leite, grande Benfeitor de Manhuaçu, fundador do Hospital, e grande jornalista onde descrevia além das notícias, biografias  de pessoas importantes do município, além destes dois citaremos outros como “O Rebate” de propiedade da família Villas-Boas, “A Ordem”, e “O Democrata”.

Devido a importância histórica destes veículos de informação, existem até em microfilme no Museu nacional do Rio de janeiro, alguns exemplares dos Jornais “O Manhuassu” e “O Independente”. Quase todos estão presentes na Casa de Cultura, e a grande preocupação do responsável pelos arquivos Sr. Wagner Orlandi é a deterioração, visto que daqui a vinte anos talvez não será possível consultá-los mais, a solução seria microfilmar ou xerocar.

Como exemplo de algumas notícias veiculadas por estes jornais, estão as seguintes:

1) De São João do Manhuaçu a informação de Pedro Dutra de Carvalho, sobre terras na localidade, onde estavam ocupando as terras para entrarem em entendimento com ele ou procurassem a Justiça. E informa que as terras eram abaixo do antigo Quartel do Manhuaçu, por onde passavam aquela estrada Real , ligando Vitória à Vila Rica(Ouro Preto), se não estivesse no jornal não saberíamos a localização do dito Quartel. Estes Quartéis eram Fazendas onde eram estocadas provisões para a construção de estradas e depósito de alimentos.

2) Em outro jornal citava-se o problema agrário da época que afetava nossa região, como inicialmente a ocupação de terras eram através das sesmarias, onde o sesmeiro tinha dar a sexta parte do lucro para o governo e se não conseguisse dar, estas terras eram retomadas pelo governo e passavam a se chamar devolutas. Algumas propriedades eram ocupadas por pessoas sem posse, chamados de posseiros, estes estavam sujeitos se alguém comprasse as terras ditas devolutas serem despejados, ás vezes o comprador pagava alguma indenização pelas benfeitorias. Isto causava uma série de conflitos, até mortes.

3) Outra notícia era sobre uma estrada de Ferro ligando Carangola à Caratinga que não passaria em Manhuaçu, mas que também ficou só no papel, como outra citada de Sabará à Manhuaçu. Foram noticiados em 1910, que Manhuaçu receberia a passagem de duas estradas de Ferro, uma da Leopoldina vinda de Carangola e outra do Porto de Souza no Espírito Santo, através do Vale do Rio José Pedro. Apenas a E.F. Leopoldina se concretizou.

* José Olínto Xavier da Gama Historiador Manhuaçuense é um dos mais eficientes historiadores  que não mede esforços para resgatar a verdadeira história de Manhuaçu e região. Graduado em odontologia pela Universidade Federal do Espírito Santo – 1980. Pós-graduado pela Pontifícia  Universidade Católica – RJ 1981 Ex-Professor de Biologia Professor de Cursos para auxiliares de saúde. Membro de vários Grupos de Genealogia. “Extraído do livro Manhuaçu Rio e Município”

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