Lembro-me da emoção de quando viajei de avião pela primeira vez. Sentei-me à janela e fiquei ali, morrendo de medo, mas de olhos pregados no que via lá fora, lá embaixo. Até hoje me intriga o tamanho das coisas que se veem lá de cima: uma grande rodovia vira uma estradinha quase imperceptível. Um rio caudaloso vira um fio d’água. As nuvens, como flocos de algodão, repousam imperturbáveis. As montanhas perdem a sua altitude e saliência. Como é que isso acontece? Que milagre é esse de pessoas se tornarem invisíveis e caminhões parecerem formiguinhas? Como é possível alterar tanto a geografia das coisas?
Na verdade, na verdade, sabemos que a essência das coisas não se altera. É tudo apenas uma questão de perspectiva. O mesmo se dá com os problemas da vida que deparamos em nosso cotidiano. Podemos encará-los com a perspectiva da terra, olhando de baixo para cima. E certamente teremos medo e seremos abalados pelas incertezas. As dificuldades, vistas desse ângulo, serão superdimensionadas e, por isso, algumas serão paralisantes. Mas quando nos lembrarmos de que a perspectiva de Deus é outra, é de cima, então o temor desaparece. Ao arrependido, que no Senhor depositou a sua confiança, Deus oferece promessas valiosas, como as que registraram o salmista, o profeta Isaías e o apóstolo Paulo.
O salmista ouviu de Deus: “Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos” (Salmo 32.8). Isaías convivia com a certeza de que “…os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão” (Isaías 40.31).
Paulo, que também se deixou possuir por essa certeza, ofereceu um nobre desafio aos colossenses: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Colossenses 3.1,2).
Pr. João Soares da Fonseca