Evangélicos, os noivos convidaram para ser padrinho deles um destacado político no cenário nacional. Os noivos chegaram à hora, mas Sua Excelência não. O pastor esperou alguns minutos mais, e, por fim, iniciou a cerimônia mesmo assim, já que a noiva estava lá. A certa altura, chega, resfolegando, a autoridade federal. Um dos bajuladores de Sua Excelência foi ao pastor, interrompendo-lhe a palavra para dizer que o homem chegara. O pastor continuou imperturbável a sua entrega do recado de Deus.
Finda a cerimônia, o político foi ao pastor:
– Não recebeu o meu recado?
– Que recado?
– O recado de que eu havia chegado!
– Eu vi quando o senhor chegou!
– Viu? E mesmo assim não destacou a minha presença? Afinal, eu sou um representante da República. Quando vou à igreja tal (e mencionou uma denominação muito popular em nosso País), sou recebido lá como um rei.
Foi o suficiente para o pastor perder a paciência:
– Pois saiba Vossa Excelência que esta igreja já tem um rei e se chama Jesus. Ele, sim, é a pessoa mais importante aqui.
Quando ouvi isto, pensei em duas frases que muito me incomodam. Uma, pronunciada por João Batista, apontando para Jesus: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). Talvez este seja um dos versos menos conhecidos da Bíblia. E se conhecido, menos praticado. Ainda não deparei este verso na seleção das famosas Caixas de Promessas. Não conheço ninguém que ore a Deus dizendo: “Faze-me menor do que sou para que a Tua grandeza seja vista em mim”. Por que será que não?
A outra frase, eu a li numa entrevista que Millôr Fernandes deu, certa vez, ao Jornal do Brasil: “O ego é a única coisa que vaza por cima” (JB 7-2-99). Millôr fez fama como humorista, mas a sua análise do comportamento egoísta não é para fazer rir!
Deus nos livre de um ego hipertrofiado!
Pr. João Soares da Fonseca – [email protected]