Nenhum pregador do século XX sofreu tanta perseguição no Brasil como Salomão Ginsburg. Judeu polonês, Salomão se converteu jovem, e foi missionário no Brasil por 37 anos (de 1890 a 1927). Sofreu inúmeras perseguições. Certa vez, foi preso em Niterói (RJ) por dez dias. Em Nazaré (PE), o padre da cidade alugou um assassino profissional para matar Salomão. Mas o assassino não foi muito profissional, pois se embriagou tanto que caiu e dormiu, perdendo assim a oportunidade de cumprir o seu dever macabro; graças a Deus! Dois meses depois, o assassino de aluguel beberrão era batizado por Salomão, “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
Em sua autobiografia, Salomão relaciona alguns dos problemas que os primeiros crentes brasileiros tiveram que enfrentar: “Templos foram incendiados, crentes açoitados e fogo posto nas casas com os donos dentro. Em alguns lugares, os perseguidores invadiam a casa dos crentes e os tiravam de suas camas, pondo-os para fora, onde desordeiros mascarados, cada um com um chicote, ficavam em linha. E os crentes, homens, mulheres ou crianças, eram obrigados a passar pelas filas, e cada perseguidor dava uma chicotada na pobre vítima, muitas das quais caíam a seus pés quase sem vida. Numa fazenda, eles encontraram uma senhora de cama por ter dado à luz uma criança, havia somente uma semana. Destruíram o berço em que estava a criancinha inocente a dormir, e deixaram-na cair ao solo, matando-a, e a pobre mãe foi obrigada a passar para a varanda e pela fila de bandidos, cada um açoitando o seu corpo quase despido, com a força que podia despender” (GINS-BURG, S. L. Um Judeu Errante no Brasil, p. 122).
Mas sabe qual a avaliação que Ginsburg faz das perseguições? Veja o que ele registrou em sua autobiografia: “Onde a Causa do Mestre é perseguida, o trabalho prospera (…). Onde a Causa é recebida pelo povo com indiferença, o trabalho (…) não se desenvolve”.
Pr. João Soares da Fonseca