Durante a última refeição que fez com os discípulos antes de ir para a cruz, Jesus tomou água e uma toalha, saiu da mesa, inclinou-se e começou a lavar os pés dos discípulos (João 13.1-17). O gesto chocou-os, porque contrariava as práticas pedagógicas adotadas pelos rabinos. Jamais um mestre faria uma coisa dessas. O ato era eloquente, porque comunicava, entre outras coisas, as seguintes verdades:
- O gesto era inicialmente uma declaração de amor. “… amou-os até o fm” (v. 1). Aliás, toda a vida de Jesus foi uma declaração de amor: trocar o céu de glória por uma terra de gosma… só mesmo por amor, muito amor. Por isso é que Paulo recomendará aos escravos cristãos: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor e não para os homens” (Colossenses 3.23, NVI). O amor da família, do casal, dos irmãos, pode não ir “até o fim”, mas o de Jesus vai. O amor das novelas dura pouco, mas o de Jesus é eterno.
- O gesto era uma declaração de humildade (vv. 4-5). Lavar os pés de alguém era tarefa atribuída exclusivamente a escravos. E escravos não judeus (1Samuel 25.41). Isso explica a reação de Pedro. Vendo Jesus assim se humilhando aos seus pés, Pedro esboçou um protesto, que Jesus logo tratou de desconstruir.
- O gesto era uma declaração de limpeza (v. 10). Se você ainda não foi lavado, não adianta lavar somente os pés. “Lavai-vos…”, ordena o Senhor através de Isaías (Isaías 1.17). E o que o Senhor quer é que sejam lavados os nossos corações. Porque só os de coração limpo é que verão a Deus (Mateus 5.8). Quando o coração está limpo, tudo o mais limpo estará. De nada adianta lavar a calçada, o carro, as mãos, ou os pés, ou o rosto, se o coração continua um depósito de lixo.
- Por fim, o gesto era a declaração de um ideal, de um exemplo. “Eu vos dei o exemplo…”, ensinou Cristo. Quem ainda não descobriu que ser cristão é servir precisa fazer uma nova leitura dos evangelhos. Jesus nos deu o exemplo. Sigamo-lo!
Pr. João Soares da Fonseca