Tendo conquistado o mundo todo, o jovem Alexandre, o Grande, quis ter a sua imagem fixada num quadro a óleo. Para isso, convocou o melhor artista de todo o reino. Alexandre fez questão de dizer ao artista que queria um retrato de frente, e não de perfil. Isso criava um grave problema para o artista: o Grande Alexandre tinha uma grande cicatriz na face, consequência de um ferimento de guerra. Mas a genialidade do artista inventou uma solução: pediu que o imperador se sentasse à mesa, apoiando o queixo numa das mãos. Em seguida, fez com que os dedos de Alexandre cobrissem a cicatriz.
É da essência do verdadeiro amor cobrir os defeitos do amado. Ao invés de procurar realçar e expor as falhas do outro, aquele que ama sempre procurará ignorá-las. Amar é não jogar no ventilador os erros das pessoas, sabendo que nós também temos as nossas cicatrizes e, por isso, também precisamos da misericórdia alheia.
Escrevendo aos gálatas, Paulo deixa esta preciosa instrução: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vós, que sois espirituais, deveis restaurar essa pessoa com espírito de humildade. E cuida de ti mesmo, para que não sejas tentado também” (Gálatas 6.1).
A expressão “ser surpreendido em algum pecado” deixa implícito que a prática do pecado na vida do crente não é algo corriqueiro. É, antes, uma surpresa, uma lamentável surpresa. Mesmo sabendo que o piso da vida cristã é escorregadio, o crente não vive no chão. O fato de cair surpreende a todos.
Nenhum pecado, porém, está além da possibilidade do perdão, exceção feita à chamada “blasfêmia contra o Espírito Santo”, que é rejeitar conscientemente o plano de salvação que Deus idealizou para nós em Cristo. A divina misericórdia acena para nós com a bandeira do perdão. Se Deus nos perdoa e esquece os nossos pecados (Hebreus 10.17), nós também precisamos aprender a perdoar os que erram e estender a mão para levantá-los.
Pr. João Soares da Fonseca – [email protected]