Papa Bento XVI inicia retiro e fica sem atividade pública nesta semana

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Exercícios espirituais serão conduzidos por forte candidato à sucessão. Meditação começou após benção a fiéis reunidos na Praça São Pedro.

Após abençoar milhares de fiéis na manhã deste domingo (17) no Vaticano, durante a cerimônia do Ângelus, o Papa Bento XVI iniciou por volta das 12h (hora de Brasília) um retiro de exercícios espirituais acompanhado por cardeais e membros da Cúria Romana. O rito antecede sua saída, marcada para o dia 28 de fevereiro.

Durante esta semana, Bento XVI não participará de atividades públicas e eventos relacionados ao período da Quaresma foram cancelados.

De acordo com agências de notícias, serão 17 meditações, com duração de três horas por dia, com o tema “o rosto de Deus e o rosto do homem na prece dos salmos”. As meditações serão baseadas no Saltério, livro do Antigo Testamento que contém elogios a Deus e que conta com 150 salmos, dos quais o maior número foi composto por David.

O retiro deve acontecer na capela Mãe do Redentor, no Vaticano, e as meditações ficarão a cargo do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, de 70 anos, presidente do Conselho Pontifício para a Família. Especialistas em Vaticano apontam que Ravasi tem grande chance de ser eleito papa durante o próximo conclave, que deve acontecer no próximo mês.

Apesar de cancelar parte de sua programação ao longo da semana, o papa se reunirá brevemente todos os dias com seu secretário particular e prefeito regional da Casa Pontifícia, Georg Gänswein, para despachar os assuntos mais urgentes. No sábado, após o encerramento dos exercícios, Bento XVI receberá em audiência privada o presidente da Itália, Giorgio Napolitano.

Candidato a papa
Fontes do Vaticano ouvidas pela agência EFE disseram que em outros retiros como o que Bento XVI irá participar, mas com outros papas, cardeais que receberam tais incumbências se tornaram, posteriormente, líderes da Igreja Católica.

Embora não seja possível comparar os casos, esses mesmos observadores lembraram que João Paulo II encarregou as meditações de sua última Via-Sacra, em 2005, ao então cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI.

Além disso, disseram que, em 1976, Paulo VI chamou o então cardeal Karol Wojtyla para que predicasse exercícios espirituais. Dois anos depois, Wotjyla foi eleito papa João Paulo II, após a morte de João Paulo I.

Última aparição
Neste domingo, Bento XVI apareceu na janela de seus aposentos no Vaticano para abençoar os milhares de fiéis que se reuniram na Praça São Pedro, em sua penúltima bênção dominical do Ângelus, antes de sua saída.

Bento XVI convocou a Igreja e todos os seus membros a se “renovarem” e “se reorientarem em direção a Deus, rejeitando o orgulho e o egoísmo”. “A Igreja convoca todos os seus membros a se renovarem (…), o que envolve uma luta, um combate espiritual, porque o espírito do mal quer nos desviar do caminho em direção a Deus”, afirmou Bento XVI para a multidão na Praça São Pedro.

Segundo o Vaticano, a multidão na praça foi de cerca de 50 mil pessoas. As autoridades locais avaliaram que o público foi de mais de 100 mil pessoas na Praça de São Pedro.

Após a aparição de Bento XVI, a multidão na Praça São Pedro gritou “Longa vida ao Papa”. Esta é uma das últimas aparições públicas de Bento XVI enquanto pontífice.

Sede Vacante
O Vaticano informou neste sábado (16) que o conclave que escolherá o sucessor do papa Bento XVI poderá começar antes de 15 de março se houver quórum de cardeais suficiente em Roma.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou que as regras da Igreja definem que a data dos conclaves pode ser “interpretada” diferentemente desta vez, já que se trata de uma circunstância extraordinária, após a histórica renúncia de Bento XVI.

Ele afirmou anteriormente que o conclave começaria entre 15 e 20 de março, de acordo com as regras existentes. Mas neste sábado (16), disse que os acontecimentos podem ocorrer mais rapidamente, já que a Igreja está lidando com uma renúncia anunciada previamente, e não com uma súbita morte do pontífice.

O tema está sendo debatido pelos próprios cardeais e “é possível que nossas autoridades submetam à votação este tema no mesmo dia em que começar a ‘sede vacante'”, disse.

Os cardeais estão “profundamente afetados” após a decisão de renunciar de Bento XVI e tentam “focar o alcance e o significado deste gesto”, acrescentou o porta-voz do Vaticano.

No total, 117 cardeais terão direito a voto (por terem menos de 80 anos) no conclave que elegerá, dentro da Capela Sistina, o novo Papa com uma maioria de dois terços.

Chances do Brasil
O conclave que escolherá o sucessor de Bento XVI terá a participação de cinco cardeais brasileiros com direito a voto e que podem ser eleitos pontífices.

O arcebispo emérito de São Paulo, dom Claudio Hummes, terá 78 anos quando começar o processo de escolha do novo papa, marcado para a segunda metade de março.

Ele será acompanhado do atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raymundo Damasceno, que  completou 76 anos em 15 de fevereiro e também é arcebispo de Aparecida.

Os outros três brasileiros no conclave são o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, no Vaticano, dom João Braz de Aviz, 65; o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, 63; e o arcebispo de Salvador e ex-presidente da CNBB, dom Geraldo Majella Agnelo, que completará 80 anos em outubro.

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