Era uma vez um pica-pau que se pôs a dar bicadas no tronco de uma árvore. Concentrou toda a sua força no bico e começou a trabalhar.
Ao mesmo tempo em que fazia isso, uma forte tempestade se aproximava.
Chuva, trovões e relâmpagos assustavam a todos, menos ao pica-pau, que continuou firme em sua tarefa.
De repente, um raio rasgou o céu e caiu, derrubando justamente a árvore em que o pica-pau estava “trabalhando”.
Vendo aquilo, o bichinho primeiro recuou assustado. Depois, se empinou todo e foi, fanfarrão, dizer aos amigos:
– Vocês viram como eu sou forte?
Ao enfrentar o grande Golias, o pequeno Davi não disse isso.
Na verdade, ele reconheceu que sua vitória de amador sobre o gigante guerreiro profissional veio de cima, desceu do céu. Mais tarde, ele escreveria um salmo em que esta verdade transpareceria com clareza. Ele disse: “…eu sou pobre e necessitado; contudo o Senhor cuida de mim. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó meu Deus” (Sl 40.17). É imensa a tentação de pensar que a nossa vitória seja produto do próprio braço do homem.
Na lógica do Reino de Deus, porém, há uma inversão dos fatores que de tão surpreendente chega a ser incompreensível. Por exemplo, Jesus disse: “E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt 23.12). O maior no Reino do Céu, explica o Mestre, é aquele se torna humilde como uma criança (Mt 18.4). Contrariando as regras dos manuais militares, os mansos é que herdarão a terra (Mt 5.5). Perder é ganhar (Mt 10.39). A experiência de Paulo confirma essa inversão: “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte” (2Co 12.10). Quando os fracos vencem, a vitória não lhes é atribuída, mas sim ao Senhor deles!
Glória, pois, ao Seu Nome!
Pr. João Soares da Fonseca