Além da incompreensão, os tradutores da Bíblia são vítimas de um pecado comum: a ingratidão. Se João Ferreira de Almeida não tivesse feito a obra que fez, cada um de nós, crente lusófono, teria que aprender hebraico, aramaico e grego para ler a Bíblia.
Robert Bratcher foi um ilustre tradutor da Bíblia. A ele se deve o esforço de traduzir a Bíblia para uma linguagem mais contemporânea. Catedrático de grego, era respeitado como intelectual no mundo inteiro. O que pouca gente sabe é que ele nasceu em Campos (RJ), em 1920, quando o pai, L. M. Bratcher, era missionário ali. Logo depois, a família veio para o Rio. E aqui, em nossa Igreja, Robert foi batizado pelo pastor Francisco F. Soren em 15-07-1928.
Para comemorar os 80 anos de seu batismo, Bratcher veio ao Rio em 2008. Mesmo com 88 anos, estava cheio de energia e de ideias. Hospedado conosco, quis ver o Seminário do Sul, onde lecionou Grego e Novo Testamento, de 1949 a 1956. Quando subíamos a colina do Seminário, ele exclamou admirado: “Olha esse bambuzal; ainda está aqui. É do tempo da minha infância”. De fato, quem sobe a colina vê, à direita, um belo bambuzal.
Dois anos depois dessa visita, Bratcher faleceu. Era julho de 2010.
Agora, a Convenção Batista Brasileira transferiu as suas juntas e organizações para a colina do Seminário. Toda vez que vou lá, vejo o bambuzal teimoso, resistindo à poluição, chuvas e trovoadas. Bratcher se foi. Mas o bambuzal continua ali. Eu irei também. O bambuzal continuará ali. Mas ninguém pense que o bambuzal é eterno. Os dias dele também estão contados. “Seca-se a relva, e cai a sua flor…” (Is 40.8). Os elementos do reino vegetal também estão de passagem por este mundo. Homens, bichos e plantas… estamos todos aqui por pouco tempo. Davi orou: “…o tempo da minha vida é como nada diante de ti. Na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é apenas um sopro” (Sl 39.5).
Pr. João Soares da Fonseca