Líder comunista russo, Mikhail Borodin (1884-1951) combateu ao lado de Lênin na revolução de 1917, que destronou o czar e estabeleceu o Estado comunista. No início da década de 1920, Borodin foi enviado à China, com a missão de tentar convencer aquele grande país a se alinhar ao lado da revolução marxista-leninista. Borodin trabalhou incansavelmente nessa tentativa. Um dia, conversando com a senhora Chiang Kai-Shek, esposa do então presidente da China, gabava-se ele de ter convencido a milhares de pessoas a se juntarem à causa comunista, pessoas provenientes de todas as religiões como budismo, hinduísmo, confucionismo, taoísmo… Conseguiu que todas elas aderissem à nova religião de Lênin. Então ele acrescentou: “…pessoas de todas as religiões, menos do cristianismo”.
Grande cristã que era, a primeira-dama chinesa quis saber por quê. Borodin respondeu: “Por causa da doutrina cristã do perdão”.
De fato, quando recebemos o perdão de Deus, experimentamos completa libertação espiritual (Jo 8.32, 36). “Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade” (2Co 3.17).
Ao mesmo tempo em que fomos perdoados pelo nosso Deus, recebemos dele o desafio de igualmente perdoar aqueles que nos devem algo ou nos agrediram. Sabemos, porém, que é fácil nos abrirmos para receber o perdão de Deus, mas falhamos, quando o assunto é liberar perdão. Foi o próprio Senhor Jesus quem chamou a atenção para essa dificuldade, na parábola do Credor Incompassivo (Mt 18.23-35). Um homem devia muito, e foi perdoado. Saindo dali, encontrou alguém que lhe devia quase nada, e foi rigorosíssimo com o seu devedor. Ou seja, como receptores do perdão divino, somos ótimos. Mas como doadores, péssimos. Não se sabe quem disse a frase (alguns a atribuem a Shakespeare, outros a Einstein…), mas, com certeza, é verdadeira: “Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”. Que o Senhor nos livre desse veneno!