A disputa do primeiro turno das eleições para prefeito em nossa cidade revelou um índice assustador de abstenções, votos nulos e em branco. Mais de um milhão de eleitores cariocas acharam que não valia a pena comparecer às urnas, ou seja, cerca de 38,1%.
O que está acontecendo com a política em nossa terra? Certamente, a sucessão de escândalos protagonizados por vários indivíduos da classe política deixa o eleitor com a sensação de que não vale a pena sair de casa, dirigir-se a uma urna e exercer ali o seu direito de escolha. O sistema político parece não estar ajudando; daí falar-se na necessidade urgente de uma reforma desse sistema. O vazio das propostas e dos programas dos partidos políticos também explica o altíssimo desinteresse pelas eleições. Afinal, são hoje 35 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral, das mais variadas tendências ideológicas, além de outros 23 que ainda aguardam na fila a autorização do TSE.
Nada disso ajuda. Mas com toda certeza a desesperança viceja e vigora no ambiente de desconfiança e descrédito em que a política foi lançada nos últimos anos. Mudam-se os atores, mas o cenário parece ser o mesmo. Oscar Wilde dizia que “Democracia quer simplesmente dizer o desencanto do povo, pelo povo, para o povo”.
É perfeitamente compreensível que a muitos o entusiasmo pelas eleições arrefeça. Mas como cristãos responsáveis, não podemos fugir do imperativo dessa hora.
Alguns de nós cairão na tentação de pensar que seu voto não faz diferença. Responderei com o que aconteceu no pequeno município de Caseiros (RS). “A cidade, que conta oficialmente com pouco mais de 3 mil habitantes, elegeu seu novo prefeito com apenas um voto de diferença”. O candidato eleito recebeu 1.246 votos. O outro, 1.245 (noticias.terra.com.br/ – em 05-10-2016).
Apesar de toda a desilusão com a política, nada de jogar a toalha. Porque aí, sim, o que é ruim hoje pode ficar pior amanhã.
Pr. João Soares da Fonseca