O grande jogador de futebol que acabei não sendo não pode reclamar de falta de oportunidade. As várzeas de Colatina que o digam! Com bola da pior qualidade, com bagaço de laranja, com meia recheada de não sei o quê… qualquer coisa era pretexto para uma pelada entre os meninos. Como acontece em todo o Brasil até hoje, as várzeas supriam os gramados de craques. Cedo, porém, percebi que a glória da chuteira não acenava para mim. Mesmo assim, não perdia o hábito de viver chutando tudo o que visse pela frente. Até que um dia…
Um dia, num domingo à tarde, eu ia para a igreja sozinho, porque era reunião dos Embaixadores do Rei. Trajava a única calça comprida que eu tinha, porque naquela época era um grande pecado passar perto da porta da igreja de calça curta. Entre a casa e a igreja, eis brilhando redondinha na calçada uma convidativa lata de óleo de motor. Como se fosse bater um pênalti decisivo numa final de campeonato, corri, apontei e… enfiei o pé. A sensação era de ser um Pelé completando os seus mil gols. Já havia feito aquilo outras vezes; aquela seria mais uma. Mas aquela não foi mais uma. Porque embora abandonada, a lata não estava totalmente vazia. Com o chute cheio de vontade, o restante de óleo que ainda ali jazia foi pelos ares, manchando o sapato, a meia, a calça… Olhei-me incrédulo de alto a baixo, e constatando a lambança da minha “jogada”, censurei-me a estupidez daquele gesto. Como pude ser idiota assim?
Na vida, colhemos as consequências de nossos chutes. Há mais que mera semelhança entre os verbos escolher e colher. Há, na verdade, inegável correlação. De modo que…
Se você escolhe o álcool, colhe desequilíbrio e vergonha.
Se você escolhe o crime, colhe castigo e, talvez, uma morte prematura.
Se você escolhe o analfabetismo, colhe ignorância. Se escolhe Jesus, colhe a vida, vida com qualidade, e vida eterna. A escolha é sua!
Pr. João Soares da Fonseca – [email protected]