Cristãos na esteira

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Certo dia, passando por uma grande academia de ginástica, presenciei uma cena cotidiana que, dessa vez, intrigou-me bastante: pessoas correndo em esteiras. Passei de pronto a refletir sobre loucura de se ficar correndo, mas, simultaneamente, parado no mesmo lugar.

Será que nossos antepassados ousariam pensar que a sociedade futura faria isso para ter de se exercitar? Talvez em função da insuficiência de pistas ou do caótico trânsito? Seria a poluição ou a insegurança das ruas? A verdade é que as esteiras são quase que um eletrodoméstico básico em nossos tempos. Troca-se um passeio pelo parque ou pela vizinhança, para se exercitar “andando” na esteira dentro de casa por alguns minutos.

A esteira revela a capacidade de se poder correr sem muito empreendimento. O sujeito pode rapidamente ligar a sua esteira e correr 10km assistindo ao telejornal ou a um filme. Ela é um retrato sintomático de nossa época: a comodidade acima de tudo!

Mas o que isso tudo tem a ver conosco? Às vezes vejo a igreja correndo quilômetros e mais quilômetros em “esteiras eclesiásticas”. Por vezes suamos e nos cansamos de fato, mas quando olhamos para o lado, não saímos do lugar. São reuniões e mais reuniões, turmas de discipulado, de treinamento, escola de líderes, entre outros momentos onde nos esforçamos tanto, planejamos muito, mas não saímos do lugar. A verdade é que não saímos de dentro de casa.

Precisamos correr pelo mundo. Conhecer o frio do orvalho da manhã, os calafrios da brisa matinal, o barulho dos carros dando a partida, os obstáculos no caminho, a beleza da linha de chegada etc. Estamos fortes, musculosos e preparados para uma grande maratona, mas nos limitamos em somente correr dentro das quatro paredes que chamamos de igreja.

“Não rogo que os tires do mundo, mas que os proteja do Maligno” (João 17.15)

Pr. João Soares da Fonseca – jsfonseca@pibrj.org.br

 

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