“O Senhor está comigo; não temerei o que me pode fazer o homem” (Sl 118.6).
A raça humana se doutorou em destruição. Matar é com a gente mesmo!
Mata-se tanto em nome do indivíduo quanto em nome da família.
Mata-se tanto em nome da democracia quanto em nome da ditadura.
Mata-se tanto em nome da religião quanto em nome do ateísmo.
Mata-se tanto em nome da honra quanto em nome da vergonha.
Mata-se tanto em nome do mercado quanto em nome da poesia.
Mata-se tanto em nome do passado quanto em nome do futuro.
Mata-se tanto por causa da grandeza das galáxias quanto por dá cá aquela palha.
Qualquer coisa constitui pretexto para se detonar o gatilho da violência. Desde que Caim, o patriarca do crime, inaugurou o reinado macabro do “homo brutalis”, a humanidade se vê às voltas com tanto derramamento de sangue, ao ponto de a violência ser hoje tema inescapável de qualquer disciplina social. Sobre ela, intelectuais se debruçam e a escalpelam em estudos exaustivos e intensos. Apenas na Inglaterra, entre 1970 e 1974, foram escritos cerca de seis mil livros sobre o assunto. O século XX passou para a História seguramente como o século da violência. E não parece que o XXI será diferente. A cada 68 segundos um homem mata outro. Então não há como discordar de Nikolas Tinbergen, o pioneiro da etologia, segundo o qual o homem é um “assassino sem freios”. Homem no sentido genérico, é claro, porque até prova em contrário, o maior assassino individual da História é uma mulher: a Condessa Erzebet Báthory, húngara que viveu entre 1560-1614. Dona Erzebet, sozinha, assassinou 610 pessoas. Será que somos como a urze, planta que para sobreviver precisa eliminar as outras?
Todos tememos a violência. Jesus, porém, fala de um perigo maior que a violência: é a violência espiritual eterna, reservada ao incrédulo impenitente: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mt 10.28).
Pr. João Soares da Fonseca