“O Senhor está comigo; não temerei o que me pode fazer o homem” (Sl 118.6).
Em 2008, de férias em Curitiba, um senhor desconfiado, vendo que a placa do carro era Rio de Janeiro, aproximou-se e perguntou: “Lá no Rio vocês não têm medo?” Eu disse: “Medo de quê?” E ele: “da violência, dos tiroteios…”. Tentei explicar: “Olhe, não é como aparece na TV; não é tanto assim”.
A impressão de quem mora fora do Rio é que aqui estamos o tempo todo nos escondendo atrás dos postes para fugir de tiroteios. De certo modo, compreendo esse temor, porque eu mesmo o experimentei em 1986, quando me mudei de Vitória para o Rio. As primeiras semanas aqui foram uma tortura para o meu espírito. Suspeitando de tudo e de todos, eu entrava nos ônibus e ficava morrendo de medo de ser assaltado. A mídia havia me envenenado, e agora eu me tornava escravo de um crescente pânico. Francamente, aquilo não era vida.
Um dos subprodutos do pecado é o tormento do temor. O pecado faz o pecador viver como um fantoche de suas fobias, refém de traumas e neuroses. Deus mandou Moisés avisar ao povo de Israel o que iria lhes acontecer, caso dessem as costas ao Eterno. Uma das consequências seria o medo sem base: “…o ruído de uma folha movida os perseguirá; e fugirão como quem foge da espada; e cairão sem ninguém os perseguir” (Lv 26.36).
Um dia, tomei a decisão que julgo certa: orei a Deus, confessando a Ele a minha falta de confiança em Sua proteção. Ora, se Ele estava comigo, por que temia então? E se “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8.28), não fazia o menor sentido duvidar do meu Pai. Lembrei-me das muitas promessas associadas à presença de Deus na vida do crente.
Posso lhe contar o resultado? Deus ouviu aquela oração. O temor foi desenraizado de dentro de mim. No lugar do medo, Deus pôs tranquilidade. Como o salmista, aprendi a dizer: “O SENHOR está comigo; não temerei o que me pode fazer o homem” (Sl 118.6).
Pr. João Soares da Fonseca – [email protected]