Uma atriz famosa escreve uma coluna em Veja Rio, alternando com outros escritores. No dia 17 de junho, ela escreveu um artigo intitulado Macumba em que lamenta o sumiço dos despachos nas esquinas do seu bairro chique. Por que sumiram? Eis a explicação que arrisca: “Acredito que a razão do sumiço seja o avanço evangélico nas comunidades carentes. O monoteísmo radical dos brancos do norte condena o politeísmo africano. O culto trazido pelos navios negreiros foi confundido com a personificação do mal. (…). A África, dada ao sincretismo, desconhece o maniqueísmo. As forças naturais manifestadas em seus deuses agem para além do bem e do mal e se reconhecem até nos ídolos alheios. O mesmo não acontece com a religião fundada pelos europeus do século XV, inconformados com a corrupção do catolicismo da Idade Média”.
É lamentável que alguém lamente o fim de uma prática que sujava as ruas e atraía cães e urubus. Isso para não falar do perigo que representava, como certa vez ocorreu na Floresta da Tijuca: uma vela acesa ao lado de uma oferenda tombou e fez o maior fogaréu, assustando os vizinhos.
Se foi mesmo por causa do “avanço evangélico” (tomara que sim!), então temos aí mais um motivo para prosseguir na pregação do evangelho que liberta o homem das forças do inferno (Mc 5.15).
O cristianismo não é “religião fundada pelos europeus do século XV”. E o “monoteísmo radical” não vem dos “brancos do norte”. Todos sabem que o início da igreja se deu na Palestina, que não fica na Europa, e nem foi no século XV, mas no século I.
O que a autora chama de “forças naturais”, a Bíblia chama de demônio. Não havia nada de natural no homem-fera que Jesus encontrou em Gadara (Mc 5.3-5). Por quê? Porque “… tinham entrado nele muitos demônios” (Lc 8.30).
Além de libertação, a obra de Cristo produz limpeza tanto na vida do indivíduo quanto na da sociedade; inclusive nas ruas da cidade!
Pr. João Soares da Fonseca