Cisco no olho

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Há alguns anos, li, num almanaque popular, uma curiosa sugestão: “Quando entrar um cisco no olho, basta chorar que ele sai”. Um dos fatos da biografia de Jesus que bem revela a sua humanidade está na frase curta e objetiva, anotada por João: “Jesus chorou” (Jo 11.35).

Muitas vezes, nosso pequenino coração parece esmagado sob o peso de tantos dramas, dilemas, dúvidas e inquietações que a vida amontoa sobre ele. Como um cisco no olho, os problemas perturbam a nossa paz, tiram a nossa tranquilidade e afugentam o nosso sono. Que fazer?

O conselho popular é: chore! E os analistas das emoções humanas enaltecem as virtudes terapêuticas do ato. Ensinam que chorar cura. As lágrimas seriam, portanto, ferramentas de alívio. E quem nos fez com a capacidade de chorar sabia por que nos fez assim. É privilégio que o Criador concedeu aos seres humanos. Por isso, não tente conter a lágrima de quem esteja desabafando através dela. Pelo contrário, os profissionais até estimulam a que as pessoas extravasem seus sentimentos.

Jesus chorou algumas vezes; e isso jamais foi visto como fraqueza de sua parte. Pelo contrário, o registro disso é evidência de sua compaixão para com as nossas fraquezas: “…não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15).

Portanto, se sentir que deve chorar, não se envergonhe disso. Chore; não o choro do desespero, porque o crente é portador da esperança que dá significação e plenitude à vida, mas o choro que vai ajudar a tirar do coração os ciscos que a vida traz.

Chore agora, porque chorar é ato que no céu não haverá. O Apocalipse, temido por tantos, já acenava com a supressão das lágrimas no Reino Vitorioso do Messias: “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4).

Pr. João Soares da Fonseca – [email protected]

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