Era uma vez um jovem pescador chamado Crispim. Ele vivia no local onde as águas do rio Parnaíba se encontram com as do rio Poti, na bela cidade de Teresina. Um dia, Crispim voltou para casa, cansado e desanimado: não conseguira pescar um peixe sequer. Em casa, nada havia para comer. Ficou tão descontrolado que passou a mão numa ossada de boi e, com ela, matou a própria mãe. Antes de morrer, a mãe o amaldiçoou, condenando-o a viver como um monstro de cabeça grande. Desesperado, Crispim se jogou nas águas do rio Parnaíba, transformando-se no Cabeça de Cuia. A fome extrema levou Crispim ao desespero. Desde 2003, na última sexta-feira do mês de abril, celebra-se em Teresina (PI) o dia do Cabeça de Cuia.
De fato, é difícil resistir racionalmente aos ataques da fome. Como aconteceu nos Andes, a 13 de outubro de 1972. Um avião da Força Aérea Uruguaia levava uma equipe de rúgbi (Old Christians Club), de Montevidéu, para jogar com os Old Boys, de Santiago do Chile, quando se chocou contra uma montanha da Cordilheira dos Andes, entre o Chile e a Argentina. Das 45 pessoas, 18 morreram imediatamente ou nos dias que se seguiram. Os sobreviventes não tinham alimentos, roupas nem remédios. Sem comunicação, ficaram 72 dias sem ajuda. Nesse tempo, tentaram se alimentar até de tiras de couro, rasgadas de peças de bagagem. Por fim, tiveram que se alimentar da carne dos companheiros mortos.
Quando Bene-Hadade, rei da Síria, sitiou Samaria, os israelitas souberam o que era fome. O próprio rei de Israel ouviu a queixa de uma mulher: “Ela disse: Esta mulher me disse: Dá o teu filho, para que o comamos hoje; amanhã comeremos o meu filho. Cozinhamos o meu filho e o comemos; no dia seguinte, eu lhe disse: Dá o teu filho para que o comamos, mas ela escondeu o seu filho” (2Rs 6.28-29).
Jesus nos ensinou a orar: “…o pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mt 6.11). É pedir e agradecer!
Pr. João Soares da Fonseca