Paralisia Televisiva

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Os comerciais de tevê são um espelho das tendências da sociedade em que se vive.

No ano de 1997, a TV brasileira veiculou um comercial, fazendo propaganda de um certo canal de TV. Fiquei intrigado com a coisa. Era mais ou menos assim:

Uma moça atendia simpaticamente ao telefone e dava, para uma certa mãe que estava reclamando da algazarra das crianças, o seguinte conselho:

— TVA neles, minha senhora! É um santo remédio!

Será? Será que a televisão é mesmo um santo remédio? Como pode ser um santo remédio algo que ensina a matar, mentir, trair, roubar, ameaçar, desrespeitar e blasfemar de coisas santas?

Além do mais, será que é mesmo um santo remédio deixar uma criança mofando diante da telinha? A televisão tem sobre o expectador um efeito danosamente paralisante. Ela congela os movimentos e forma cérebros passivos. A tevê funciona como uma espécie de camisa de força, fazendo ficar parado quem mais gosta de se mexer, que são as crianças.

Era até engraçado, mas o comercial só fazia confirmar que a televisão é mesmo, como dizia Stanislau Ponte Preta, “máquina de fazer doido”. Comunicólogos, psicólogos, educadores… todos se unem para exaltar a superioridade do livro, por exemplo, sobre a tevê. Ao ler um livro, o leitor desenvolve um dos maiores recursos da personalidade, que é a imaginação. Quando leio a descrição de uma casa com jardim, com animais ao fundo, “vejo” a cena com a minha imaginação; visualizo o quadro à minha maneira. Lembre-se que imaginação significa “produção de imagens”. A tevê me rouba tal exercício, porque ela me dá o quadro já pronto, a imagem já está formada, por isso se chama também “tubo de imagens”. Com ela, não tenho que pensar, nem imaginar a cena. Portanto, a tevê não é um santo reédio; pelo contrário, é doença que cerceia a criatividade. Nada mais salutar que barulhinho de criança em casa! Não deixe a tevê lhe tirar isso! Imagine!

Pr. João Soares da Fonseca

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